O ANTISSEMITISMO NA OBRA ORIGENS DO TOTALITARISMO DE HANNAH ARENDT

ISIS MORAES ZANARDI, DIEGO CARLOS ZANELLA

Resumo


A obra Origens do Totalitarismo (1951), de Hannah Arendt, tem o intuito de entender a crise do período contemporâneo, não se limitando em esclarecer pontos através de um viés histórico, mas de trazer a problemática como inquietação e de modo reflexivo, além de compreender o fenômeno totalitário. Esta obra é dividida em três partes, inicialmente pelo antissemitismo, segundo imperialismo e, por fim, o totalitarismo. Diante disto, este trabalho tem como intuito apresentar de forma breve a análise da autora sobre o antissemitismo trazido na obra supracitada e, de modo especial, será tratado o caso Dreyfus, que cooperou para o surgimento do totalitarismo e foi o ponto crucial para entender porque a França foi alvo certo deste. Para a realização dessa pesquisa, a metodologia tem cunho bibliográfico, partindo da análise dos textos da autora, assim como comentadores que versam sobre o assunto. O antissemitismo se faz importante para a compreensão do mundo moderno, pois é "uma das antecipações paradigmáticas do totalitarismo na medida em que, enquanto movimento, se apoiou em dois instrumentos de poder: o uso da mentira e o conceito de inimigo objetivo" (LAFER, 1979). Enquanto caminho para o desenvolvimento do totalitarismo, nada mais é que uma nova forma de governo baseada na organização burocrática de massas apoiada no emprego da sua ideologia e no terror. Consequentemente, Arendt traz a problemática em torno deste terror totalitário, que inicialmente foi compreendido como um mal radical e que, posteriormente, denominou-se banalidade do mal, que tem como intuito compreender a superficialidade humana. De acordo com Arendt, os judeus tinham uma posição especial e ao mesmo tempo estranha na Europa e que jamais foram ao todo compreendidos, e juntamente crê que o maior erro foi não ter buscado direitos políticos. Nota-se que ao falar disso, argumenta que é no sentido de que os judeus eram favorecidos por várias cortes aristocráticas, porque eles ofereciam empréstimos e financiavam muitas vezes a riqueza, a monarquia e a aristocracia. A importância dos judeus era valiosa na guerra, na medida em que, usados como elementos não nacionais, asseguravam a possibilidade de paz, mas quando as guerras tomaram um viés ideológico, visou à completa aniquilação do inimigo (ARENDT, 2012). Os judeus deixaram de ser úteis e passaram a ser perseguidos e a sua existência coletiva destruída, o que não significava diretamente o extermínio físico dos judeus. Logo, o antissemitismo pode ser visto como fenômeno moderno não direcionado ao ataque de um judeu específico, mas ao judaísmo em geral, independentemente da atitude de cada indivíduo judeu, não sendo por acidente, um agente catalizador do nazismo, enquanto ruptura histórica. De modo especial, tomou-se como evidência o caso Dreyfus, que para Arendt deixou claro as implicações políticas diante dos judeus. A sociedade aristocrática aparentou estar desaparecida, porém estava permeada em todo o corpo social e tinha suas ramificações em toda a Europa, com um forte potencial na França. No final do ano de 1894, Alfred Dreyfus, um oficial do Estado-maior do exército francês de origem judaica, acusado por processos fraudulentos conduzidos a portas fechadas, como espião em favor da Alemanha, tratando de uma carta supostamente escrita por ele, endereçada a um ardiloso militar alemão chamado Schwartzkoppen. Todavia, o mesmo era inocente, pois a acusação foi baseada em documentos falsos.


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