A MATERNIDADE DIANTE DAS TECNOLOGIAS: UMA ANÁLISE DAS REVISTAS MAMÃE-BEBÊ E VIDA-BEBÊ

BETINA HILLESHEIM, BETHANIA OLIVEIRA RODRIGUES, JULIA SOUZA DE MORAES, NATHALIA ROEHRS, PATRICIA RUBERT

Resumo


Este trabalho apresenta uma análise dos discursos produzidos em mídia acerca do uso de tecnologias direcionadas ao universo materno. Decidimos pesquisar sobre mídia, pois consideramos que, assim como em outros âmbitos, ela reproduz uma maternidade idealizada, infiltrada através da cultura popular. Desse modo, se utiliza de diversos discursos, vinculados a distintas áreas para fortalecer seu principal ideal, o lucro. Objetivos: O objetivo deste trabalho é analisar e discutir, a partir de uma perspectiva atual, as produções construídas pelos recursos midiáticos na subjetividade materna, bem como, compreender de que modo constituem-se as formas de pensar e agir nesse período. Objetiva-se também, averiguar de que modo a mídia apropria-se dos discursos oriundos de diversos saberes, sendo eles, sociais e/ou médicos, para aferir a ideia de um corpo grávido percebido como ferramenta de consumo e investimento. A partir da quantidade de informações sobre as tecnologias voltadas à gestação, a maternidade torna-se cada vez mais ativa e possível de intervenção, tendo como espaço de atuação o corpo grávido. Metodologia: Utilizamos os pressupostos teóricos dos Estudos Culturais como perspectiva de base para o desenvolvimento dos procedimentos metodológicos, pois este faz uso de diferentes campos de saberes para produzir conhecimento sobre a cultura humana. Para realizar essa discussão, analisamos as revistas Mamãe-Bebê e Vida-Bebê no período de 2012 a 2014, tecendo três categorias principais de análise e discussão: Corpo Grávido, Prevenção de Riscos e Padrões Hegemônicos Familiares. Resultados: A partir da análise dos artigos publicados nessas revistas, percebemos inúmeros discursos vinculados a diversos saberes como meio de edificar a utilização de tecnologias nesse período. Na categoria corpo-grávido foi possível identificar uma intensa valorização estética direcionada a esse momento da vida da mulher. Através da construção de um padrão de corpo-grávido ideal, as revistas apresentavam discursos vinculados à ideia de que boa mãe será aquela que se cuidar, manter-se bonita, e adquirir produtos estéticos que lhe auxiliem nesse processo. No que tange a categoria Prevenção de Riscos, percebemos discursos direcionados a uma perspectiva de controle e disciplina. Nesse sentido, as revistas potencializam seus discursos a partir de uma lógica preventiva, pautando-se na ideia de evitar todo e qualquer tipo de risco. Por fim, na última categoria referente aos Padrões Hegemônicos Familiares consideramos que as revistas possuem discursos direcionados a uma família pautada pelo modelo patriarcal. Além disso, foi possível identificar que essas famílias pertencem a uma casta com maior poder aquisitivo. Conclusão: As revistas analisadas denotam inúmeros jogos de poder e saber, interesses econômicos e supervalorização da estética feminina. Carregadas de significados, as prescrições partem da ideia de que um corpo bonito e saudável está associado a uma mãe preocupada, zelosa e dedicada, sendo necessário prevenir-se precocemente para evitar quaisquer riscos que possam existir no futuro. Isto posto, consideramos também, que as revistas denotam discursos culpabilizantes, visto que, se não desejar, ou não dispor de condições financeiras para usufruir dessas tecnologias durante a maternidade, a mulher não será uma "boa mãe", "responsável", aquela que "cuida e se cuida", entre outras atribuições dadas pela sociedade atual ao "ser mãe".


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