O(S) ITINERÁRIOS TERAPÊUTICO(S) DOS USURÁRIOS DE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS QUE FREQUENTAM UM CAPS AD - III

MOISES ROMANINI, DANIEL FERREIRA DA SILVA

Resumo


O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada com usuários de um CAPS AD III, em uma cidade do interior do RS, com população aproximada de 125.000 habitantes (IBGE, 2014), como atividade de conclusão do Curso de Psicologia da Universidade de Santa Cruz do Sul, RS (UNISC). O objetivo foi compreender os percursos desenvolvidos pelos usuários desse serviço especializado de saúde mental, na busca por auxílio em suas questões do cuidado e saúde. Considerar os movimentos dos usuários de álcool e outras drogas nessa busca é entender que existem múltiplas alternativas. Incluir o CAPS AD III como uma dessas possibilidades na rede de atenção integral ao usuário, apesar de existirem várias alternativas (entre elas as ESFs, UBSs, CT), ajudou a entender que alguns usuários não acessam os serviços. Os que acessam, fazem pensar também sobre os usuários que não procuram ajuda e as questões que envolvem a droga e a drogadição, permanecendo um desafio constante nas práticas dos serviços e na academia. Foram realizadas sete entrevistas narrativas, que foram transcritas e analisadas a partir da Análise Temática de Conteúdo. Entender a Rede de Atenção à Saúde e compreender as relações que esta tem com a Política sobre Drogas, facilitou o entendimento das vivências atravessadas pelo abuso de drogas e os movimentos como Redução de Danos, enquanto produção de saúde. Dos sete indivíduos, apenas um era mulher e todos foram contatados e entrevistados nesse serviço, porém, apenas um havia retomado suas atividades laborais, enquanto seis permaneciam em acolhimento noturno, sem vínculo profissional. As idades variaram de 18 a 33 anos, com média de 26, 5. Ao longo das entrevistas e posteriores análises, alguns assuntos surgiam com maior evidência e tornavam as narrativas bem próximas umas das outras. Essas temáticas foram para além do uso das substâncias psicoativas, apesar de ter nelas o centro das explanações. Então, a cada entrevista, os assuntos que perfaziam as narrativas situavam-se no percurso do uso em si e os efeitos ou consequências a médio e longo prazos; o tratamento, que na maioria das vezes já era realizado há mais tempo; e a família, percebida e valorizada quando presente e motivadora de um tratamento, e outras vezes, desistente. Amigos e familiares auxiliam indicando caminhos alternativos ou ajudando na busca pelos serviços da rede e assim, os itinerários terapêuticos fazem parte da vida de cada um diferentemente, pois além de ser uma construção coletiva e permanente é quando o saber pessoal é dividido e ampliado. A redução do uso, a troca de uma droga por outra de menor impacto, a parada por conta própria ou a diminuição do uso, até então compulsivo e diário, são assuntos no encontro com o outro, na troca de experiências de uso e seus efeitos colaterais fazendo pensar sobre seus próprios limites. Por outro lado, os profissionais que acolhem os usuários têm o desafio de reconhecer esses saberes e valorizá-los, enquanto produção de autocuidado e saúde. Mais que imposições e determinações do que deve ser feito, os profissionais precisam debater com os usuários quais os caminhos e as estratégias construídas por eles.

Palavras-chave:

Saúde Mental; Redução de Danos; Redes de Atenção Integral; Itinerário Terapêutico.


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