ESTUDO DE CASO

DULCE GRASEL ZACHARIAS, JULIAMARA MEILI DA SILVA

Resumo


Introdução: Entende-se por terapia ou abordagem sistêmica, um conceito utilizado para se referir aos diferentes segmentos sociais em que o sujeito encontra-se inserido, isto é, no contexto familiar, social, escolar comunitário. Nesta perspectiva, esses segmentos se envolvem e formam um sistema em relação. A psicologia objetiva dar novos sentidos à pessoa com diagnóstico de doenças graves, como o Câncer, por meio de uma abordagem humanizada com o paciente e seus familiares. O psicólogo deve fornecer ao sujeito instrumentos terapêuticos para ajudá-lo a diminuir seu sofrimento e ter uma compreensão mais ampla sobre sua desorganização psíquica, bem como encorajá-lo a criar novas possibilidades de enfrentamento. O processo de adoecimento traz uma desorganização da sua vida, de modo que provoca várias transformações em sua subjetividade. O presente trabalho é um estudo de caso, de um paciente que se encontrava internado no Hospital Ana Nery, local onde realizo meu estágio integrado na clínica do COI. O referido paciente tem o diagnóstico de Câncer de Pulmão, é divorciado, tem 25 filhos, mas não criou vínculos com nenhum deles, teve diversas companheiras, tem 11 irmãos, mas também não criou vínculos com eles. Objetivos: proporcionar reflexões, análises e discussões, articulando a teoria vista na abordagem sistêmica, com as informações obtidas nos atendimentos, proporcionando um melhor entendimento do caso analisado. Metodologia: Estudo de caso de um paciente, escolhido pelo estagiário, em que se relaciona teoria com a prática. Foram feitos quatro atendimentos psicoterapêuticos ao paciente. Principais resultados: C é ciente de seu diagnóstico. Paciente apresenta-se depressivo em todos os atendimentos, com humor irritadiço, e também em negação, não quis falar sobre sua família, nem sobre seus filhos, pois diz que não quer falar do passado, pois tudo que falar vai trazer sofrimento a ele. Então ele nega o que sente para não trazer sofrimento. O paciente se mostra ríspido e diz em todos os atendimentos que está bem e que não precisa de atendimento psicológico, não conseguindo estabelecer vínculo terapêutico. Abreu (2005) diz que as pessoas que não estabelecem vínculos afetivos são pessoas que se isolam, não têm paciência para conviver com as diferenças, muitas vezes têm vida sexual ativa, sem aprofundar-se nas relações. Falta-lhes paciência, tolerância ou mesmo humildade para conviver com intimidade. Estas pessoas estão fixadas em uma posição narcisista, e isto significa que vivem na ilusão de se bastar, de não precisar dos outros. Pessoas que não tiveram um bom modelo de vinculação, segundo Abreu(2005), frequentemente mostram-se inseguras ao buscarem ajuda profissional e demostram-se desconfiadas em relação àquilo que podemos oferecer como profissionais de ajuda. Conclusões: Ao longo da realização deste trabalho, muitas foram minhas percepções sobre a importância dos vínculos na formação da estrutura da personalidade, na escolha dos relacionamentos amorosos, nos estilos interpessoais, na determinação de distúrbios psiquiátricos, nas modalidade de enfrentamento ao estresse, entre outros. Vimos o quanto é difícil trabalhar com pacientes assim, e no caso de C ainda temos a questão da hospitalização. O paciente ao ser hospitalizado sofre um processo de total despersonalização. O estigma de doente irá fazer com que exista a necessidade urgente de uma total reformulação até mesmo de seus valores e conceitos.


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