REPERCUSSÕES DO LUTO PATOLÓGICO EM PACIENTES AMPUTADOS EM PROCESSO DE REABILITAÇÃO FÍSICA.

Betina Fernanda Schmidt, Marcus Vinicius Castro Witczak

Resumo


A amputação significa a retirada parcial ou total de um membro do corpo, com repercussões físico-funcionais, psíquico-emocionais e sociais. Remete a sensações de incapacidade, limitação e dependência, além das questões relativas a imagem corporal: como este passa a perceber e a lidar com seu novo corpo. Isto porque uma prótese pode substituir o membro perdido, mas não contempla o vazio deixado pela perda. Tal acontecimento pode gerar uma vivência patológica do luto, associada a desestrutura emocional frente ao enfrentamento desta nova condição: incertezas, medos, dor, incapacidades e sentidos atribuídos a mutilação e de fantasias quanto à imagem corporal. A não elaboração do luto necessário pode desenvolver a melancolia, associada a presença de baixa autoestima e/ou culpa excessiva. Em nossa sociedade, dado os padrões culturais, as pessoas tendem a sentirem-se incapazes e sem valor. O objetivo deste trabalho é discutir o processo de luto patológico em pacientes amputados em reabilitação no Serviço de Reabilitação Física da UNISC. Esta pesquisa é classificada como qualitativa, uma vez que não busca enumerar ou medir eventos e não emprega instrumental estatístico para análise dos dados. Dela faz parte a obtenção de dados mediante contato direto do pesquisador com a situação (NEVES, 1996). Assim, o estudo foi realizado a partir de pesquisa documental e de referencial bibliográfico, juntamente com o acompanhamento de pacientes do SRFis nesta condição. O Construcionismo Social fundamenta metodologicamente a análise e a discussão deste trabalho. A noção de indivíduo é entendida como uma construção social, escapando de uma perspectiva individualista (SPINK e FREZZA, 2013). O estudo permitiu o entendimento de que a perda de um membro corporal na amputação leva a consequências biológicas, sociais e psicológicas como o luto. A perda sentida não é apenas do membro corporal, mas também da função, do papel e do significado daquela parte do corpo na vida da pessoa. Além da desvinculação de um emprego, a renúncia a uma vida social com liberdade de ir e vir como antes e a possível mudança no conceito de identidade da pessoa amputada. Ademais, ressaltou a importância de um acompanhamento terapêutico multiprofissional após a amputação, o papel dos familiares, cuidadores e amigos no redimensionamento da autoimagem e no estabelecimento de novos e possíveis projetos de vida que podem servir como contrapontos à significativa perda ocasionada pela amputação. Deste processo de amputação e reabilitação emergem sujeitos fragilizados, muitas vezes, dependentes de familiares. Perdem sua liberdade e possuem grande insegurança em relação ao seu futuro. Contudo, para os que foram amputados por doenças, que muitas vezes sentiam muita dor, a amputação traz um sentimento de alívio. Em suma, sabe-se que o tema em questão é bastante relevante e deve ser levado em conta quando se quer trabalhar com pacientes em processo de reabilitação. Estes pacientes necessitam um olhar mais apurado para que seu tratamento seja efetivo, ou seja, a necessidade de um olhar voltado mais para os pacientes e o que está acontecendo ao seu redor, pois não é apenas um membro que esta pessoa perdeu. Os profissionais que trabalham nesta área devem estar atentos às questões sociais, psicológicas e biológicas deste paciente, pois todas elas influenciam no processo de reabilitação.

Palavras-chave: Amputação; Luto patológico; Reabilitação Física.


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