Este trabalho monográfico foi apresentado ao Curso de Letras como parte integrante do currículo da graduação em Português. A partir de uma pesquisa empírica realizada no final de 2015 com adolescentes que diziam apreciar a leitura, buscamos saber de quais livros que eles mais tinham gostado dentre aqueles lidos no último ano. Em uma lista com mais de 20 obras, que englobava as mais citadas por eles, apareceram autores como Rubem Alves, Kiera Cass, John Green, Markus Zusak, R.J. Palacio, Veronica Roth, Gayle Forman, Antoine de Saint-Exupéry, Lygia Fagundes Telles e Paula Pimenta. Partindo desta entrevista, nos fizemos uma pergunta inicial: será mesmo que o jovem não lê? Com a pesquisa, pudemos refletir sobre o lugar do jovem no mundo da leitura, pluralizando o sentido de ler em sua relação com livros não clássicos. Inicialmente, fizemos um percurso sobre a leitura e sobre a relação entre texto e leitor, reunindo conceitos e realizando uma breve passagem pelo histórico da leitura e do romance de folhetim - intrinsecamente ligado ao conceito de literatura de massa e best-seller. Questionamos também o papel da escola e do letramento literário nesse processo de formação de leitores, através de diálogos com diversos autores que abordam esses temas. Baseados no conceito da experiência, abordado por Larrosa com o caráter de fenômeno, buscamos compreender como algumas das obras desvalorizadas pela escola tocam tão profundamente os jovens. Vimos que o mercado editorial tem uma denominação específica para este público leitor - o young adult (YA). Tais conceituações foram colocadas em prática quando analisamos duas obras do escritor americano John Green. Este estudo nos levou a confirmar as hipóteses levantadas em nosso projeto, de que o jovem lê, sim, e muito, mas que são obras não legitimadas pela escola. Além disso, ele precisa socializar suas leituras; prova disso são os fenômenos digitais envolvendo o assunto, como o sucesso dos booktubers e as dezenas de plataformas de leitura. A literatura juvenil apresentada, principalmente, pelo mercado editorial, está iniciando os adolescentes em um envolvimento maior com a leitura e não devemos considerá-la como uma categoria menor. Basta olhar para algumas obras e perceber como elas têm mudado a vida e a forma como muitos adolescentes e adultos percebem o ato de ler. Talvez apareçam, nesses livros, a fuga para o profundo de si mesmos, tão vital para crianças e jovens num mundo de pressa e tumulto. Com a realização dessa pesquisa, conseguimos compreender de que maneira a literatura está presente na vida social e escolar dos jovens. Se o professor entender por que determinado livro é um fenômeno entre os alunos, talvez ele possa, a partir disso, mediar outras leituras que despertem a mesma natureza de interesse. E ele precisa gostar de ler e precisa ler muito, principalmente, envolver-se com o que lê. Fica a constatação de que o estranhamento e as inquietações são parte indissociável de um aluno/profissional de Letras. É preciso colocar-se no lugar do outro e é o que realizamos neste trabalho.