CLÍNICA DO CORREDOR: UMA INTERVENÇÃO POSSÍVEL
Resumo
INTRODUÇÃO: O presente trabalho tem como objetivo contar os processos de afetação e formação decorrentes do meu Estágio Integrado em Psicologia III e IV, que está em andamento no Setor de Recursos Humanos e Desenvolvimento Humano do Hospital Santa Cruz. Aponto esse processo como de afetação em virtude do percurso produzido principalmente em torno da desconstrução do que se entende como uma prática prescritiva e esperada da área de recursos humanos e de formação, pois permitiu-me repensar o lugar do profissional psicólogo dentro do contexto organizacional. A linha teórica que fundamenta essa discussão centra-se nos estudos de Edith Seligamann-Silva (2012), focando nos vínculos entre condições e organização do trabalho, cargas laborais, desgaste e saúde mental. Tendo em vista esses fatores, as mudanças institucionais e a reestruturação do próprio setor (que estendeu seu atendimento até as 21hrs), surgiu a necessidade de criar estratégias de aproximação para com os trabalhadores. A partir dessa demanda, produzo a prática que nomeio, após o meu processo de experimentação, de Clínica de Corredor. Utilizo esse termo em analogia aos Consultórios na Rua, instituídos pelas Portarias MS 122 e 123, de janeiro de 2012. OBJETIVO: Produzir espaços de promoção e prevenção em saúde do trabalhador. METODOLOGIA: Este trabalho parte de uma noção de territórios vivos, sendo, então, a metodologia de intervenção a da aproximação, habitação, composição e cuidado com os territórios (MACERATA, 2014). Essa prática consiste em manter uma rotina regular de circulação e visitação nos diversos setores do hospital. Minhas intervenções ocorrem acompanhadas de uma profissional do setor com maior intensidade no turno da noite. RESULTADOS INICIAIS: Essa circulação visa à escuta empática dos funcionários em diversos momentos do seu trabalho, de modo que essa comunicação aconteça de forma espontânea, permitindo que se estabeleça uma acolhida subjetiva e uma escuta despretensiosa. Os entendimentos e nuances dessas escutas deliberadas proporcionam ao trabalhador da saúde condições para que ele lide com as demandas cotidianas, possibilitando a (re)construção de sentido em torno da sua vida e do seu processo de trabalho. Além disso, este trabalho busca: (1) a ativação de espaços coletivos, da produção de dispositivos que propiciem a interação e a construção conjunta entre os sujeitos; (2) o reconhecimento e o manejo com os afetos envolvidos, as relações de poder e a multiplicidade de saberes, que podem contribuir para a construção de um arranjo coletivo de trabalho mediante essas matérias-primas – os afetos, os poderes, os saberes; (3) o manejo e a mediação para construção de objetivos comuns, pactuações e contratos para realização desses objetivos; (4) a promoção da capacidade de análise e crítica dos coletivos (MACERATA, 2014, apud OLIVEIRA, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, na tentativa de produzir algumas definições, tomo essa prática como potencializadora de espaços de cuidado e promoção em saúde, geradora de vínculos e de autoconfiança.
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