TRABALHO E SUICÍDIO: UMA RELAÇÃO CONCEITUAL
Resumo
INTRODUÇÃO: O presente estudo constitui-se como atividade acadêmica da disciplina de Estágio Integrado em Psicologia I. O interesse pelo tema surgiu a partir do estágio curricular no Centro Regional de Referência em Saúde do Trabalhador da região do Vales (CEREST/Vales), por meio da inserção nas reuniões do Comitê Municipal de Prevenção do Suicídio de Santa Cruz do Sul/RS. Considerando a invisibilidade da relação entre suicídio e trabalho e o crescente número de notícias sobre suicídios de trabalhadores nos próprios locais de atividade laboral, percebe-se a necessidade de uma maior atenção e discussão acerca dessa temática. A teoria da centralidade do trabalho aponta que esse é o organizador central na vida dos indivíduos, do Estado e da sociedade. Além de ser uma necessidade, é visto, também, como um dever e tem um valor social e coercitivo ético. Desta forma, o trabalho é um importante aspecto para construção psíquica dos sujeitos e para a sua inserção social. No entanto, o que se percebe é que as novas relações sociais de trabalho, as transformações na tecnologia dos processos de produção e as novas formas de gestão e organização acabam por intensificar os modos de dominação e sofrimento na atividade laboral. Temos presenciado uma precarização do trabalho que tem excedido o ritmo biológico dos sujeitos e disseminado práticas de dominação, que acarretam a competição desenfreada, a insegurança, a sujeição, a desconfiança, o roubo de tempo e de subjetividade dos trabalhadores. Incorporado a isso está a erosão da solidariedade e o rompimento do tecido social no ambiente de trabalho. Tais modos de gerenciamento e organização acentuam o desgaste mental e o adoecimento, podendo resultar no suicídio, visto pelo sujeito como única saída possível para acabar com o sofrimento. Dessa forma, o suicídio é apenas um entre muitos sintomas de uma grande luta social que os indivíduos desejam abandonar devido ao cansaço. OBJETIVO: O objetivo desta pesquisa é compreender a relação entre suicídio e trabalho, considerando o contexto histórico e social. METODOLOGIA: Este estudo caracteriza-se como do tipo qualitativo, visando a entender e a compreender o contexto e as relações sociais, sendo esses fenômenos complexos, que, devido às diversas esferas da vida humana, não tendem à quantificação. O modelo de pesquisa é bibliográfico e relacional. RESULTADOS ALCANÇADOS: Apesar de o suicídio estar presente em toda a história da humanidade e nas mais diferentes culturas, constatou-se a ausência de estudos que abordem o suicídio relacionado ao trabalho, uma vez que essa questão ainda é um tabu em nossa sociedade. Outro fator que invisibiliza essa relação é o fato de que, em nossa sociedade, o trabalho permanece sendo visto como motivo de sucesso e orgulho, muitas vezes sendo desconsiderado como fonte de desgaste, sofrimento e adoecimento. O trabalho é peça central na vida das pessoas e influencia diretamente os modos de subjetivação e inserção social. Entretanto, os novos modos de gerenciamento e organização do trabalho têm imposto grandes exigências que ocasionam o adoecimento, o acidente ou a morte do sujeito. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É de suma importância que questões referentes ao suicídio sejam abordadas e discutidas com o objetivo de romper com tabus e criar estratégias de prevenção. Além disso, é necessário que se problematize e se debata sobre os processos de trabalho para que algumas práticas não se tornem naturalizadas, causando sofrimento e adoecimento que podem culminar no suicídio.
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