A hierarquização do Sistema Único de Saúde (SUS) foi instituída com objetivo de aproximar a população dos serviços de saúde, sendo a Estratégia de Saúde da Família a porta de entrada para o SUS. A ESF baseia-se em princípios como integralidade, equidade, universalidade e longitudinalidade e, por isso, é eficiente na atenção à saúde da mulher. Nessas unidades, elas são acolhidas e recebem o acompanhamento necessário, fortalecendo o vínculo entre os profissionais e a comunidade. Para isso, são feitas atividades para manter essas mulheres próximas à ESF, prestando assistência integral através da realização do pré-câncer; testes sorológicos rápidos de sífilis, HIV, hepatite B; rodas de conversa sobre assuntos sugeridos pelas participantes; pré-natal; consultas com médico(a) e enfermeiro(a) da unidade; e encaminhamento para consulta com especialista ou para exames. Busca-se investigar se os objetivos da atenção primária referente à Saúde da Mulher estão sendo atingidos em uma ESF do município de Santa Cruz do Sul/RS. Foi elaborado e aplicado um questionário composto por perguntas abertas e fechadas. Participaram mulheres, na faixa etária de 20 a 65 anos, as variáveis incluídas no estudo foram: número de filhos, data da última consulta médica, data do último exame preventivo, se já havia realizado mamografia e teste sorológico rápido para sífilis, HIV e hepatite B, se apresentava algum problema de saúde e se fazia uso de anticoncepcional. As questões foram respondidas pelas mulheres que se encontravam na sala de espera da ESF em sete dias aleatórios durante duas semanas. Os dados foram tabelados e analisados no programa Excel. Os resultados foram apresentados como média, desvio padrão, números absolutos e percentuais. Local do estudo foi escolhido por se tratar de uma área com acentuadas carências sociais, como pobreza, desemprego, baixa escolaridade e saneamento básico insuficiente e também por ter recebido uma ESF há pouco mais de dois anos, havendo a necessidade de investigação dos seus impactos na comunidade. Participaram do estudo 40 mulheres, com média de idade de 41,05 anos (de 20 a 66 anos). Os achados revelaram que 36 (90,0%) mulheres eram mães, 20 (50,0%) haviam realizado sua última consulta há mais de um ano, 20 mulheres estavam na faixa etária recomendada para fazer mamografia e todas já realizaram pelo menos uma vez, 20 (50,0%) já fizeram teste sorológico rápido para sífilis, HIV e hepatite B, 22 (55,0%) relataram ter algum problema de saúde, sendo citados diabetes, hipertensão arterial sistêmica, hipotireoidismo, depressão, fibromialgia, anemia e osteoporose, e 20 (50,0%)  em idade reprodutiva faziam uso de anticoncepcional. Conclui-se que, apesar dos esforços da equipe da ESF, muitas mulheres não têm o devido acompanhamento médico, metade delas não haviam consultado no último ano, observando-se que muitas dessas relataram ter problemas de saúde. Considera-se aceitável o percentual de mulheres que não realizaram teste sorológico rápido, pois é um procedimento de rotina e obrigatório no pré-natal muito recente. Em relação à anticoncepção, metade das mulheres não fazem uso de anticoncepcional, o que é uma das possíveis justificativas para a alta percentagem de mulheres que tem filhos. Portanto, percebe-se que são necessárias mais ações de intervenção que incentivem o uso de anticoncepcionais e conscientizem sobre a importância do planejamento reprodutivo.