PACIENTE PSICOSSOMÁTICO: PARA ALÉM DO TRANSTORNO

Jiocasta Natali Rubert, Dulce Grasel Zacharias

Resumo


Este estudo de caso propõe uma relação entre teoria e prática, a partir do estágio no Serviço Integrado de Saúde – SIS. O caso estudado refere-se a uma paciente, tendo como nome fictício Luiza, em atendimento psicoterapêutico no SIS desde outubro de 2016, na abordagem sistêmica. Luiza tem 65 anos, é casada há 32 anos, trabalha como costureira e reside em Santa Cruz do Sul. Foi encaminhada para psicoterapia a partir do Ambulatório de Geriatria com diagnóstico de GDS – 6 segundo a escala de depressão geriátrica, descreveram também uma sintomatização associada ao quadro deprimido. Entende-se como queixas apresentadas pela paciente: síndrome do ninho vazio, desânimo perante autoavaliação da vida até o momento atual, conflitivas conjugais, as quais entende que não irão ser resolvidas como gostaria tão logo pelos empecilhos financeiros, então gostaria de se adaptar as situações que lhe fazem sofrer. Durante a terapia, observa-se grandes avanços, como melhoras de humor, diminuição da ansiedade, mudança no posicionamento como sujeito, e também nas suas perspectivas para a vida, conseguindo olhar para o futuro de modo positivo. Porém durante o processo terapêutico os sintomas alérgicos somáticos permaneceram, desenvolvendo manchas na pele, que relacionavam-se a fatores estressantes na relação conjugal da paciente ou algum conflito na família. O padrão de interação apresentado inicialmente pela paciente colaborava para o surgimento destas manchas, pois sempre foi sujeito das opiniões e ordens alheias, nunca expressando sua opinião sobre os fatos ocorridos, principalmente quanto a relação com o esposo, sentindo repudio pelos momentos com ele, sendo os sintomas um reflexo do desejo de afastamento não realizado. Segundo Montagu, a pele é um órgão de comunicação e percepção visível, sendo o meio para o contato físico e para a transmissão de sensações físicas e emoções. As ligações existentes com o sistema nervoso tornam a pele altamente sensível às emoções, independente de nossa consciência, expressando os sentimentos, mesmo quando ainda não nos damos conta destes. A compreensão psicossomática surge do esgotamento de investigações e tratamentos tradicionais, olhando para o sujeito não só como um corpo biológico mas sim constituído por diversas dimensões como a psíquica, social, econômica e cultural, estas estão interligadas, e há a necessidade de um equilíbrio para pensar-se em um processo de saúde. Os quadros alérgicos psicossomáticos por vezes são associados a depressão, pois entende-se que o conceito de saúde não está pautado só no físico, e quando o psíquico adoece precisamos olhar para o corpo também, compreendendo o sujeito como um todo biopsicossocial. Os avanços e entendimentos de melhora da paciente vão muito além dos sintomas apresentados, visto que ainda não obtivemos uma resposta a cerca desses pois a presença dos episódios alérgicos psicossomáticos não cessou e atualmente apresentam-se de forma contínua na pele de Luiza. Desta forma, considero como de grande importância valorização de todas melhoras pessoais no âmbito relacional, indo de encontro com Nichols e Schwartz (2007), pois estes observam que “todos os terapeutas estão interessados em resolver problemas, mas alguns se concentram exclusivamente na resolução dos sintomas, enquanto outros estão preocupados com a saúde de todo o sistema familiar”.

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