VIVÊNCIAS DE PRAZER-SOFRIMENTO NO CONTEXTO DE TRABALHO DOS FUMICULTORES

Ana Staub, Elisabete Frigeri Domingo, Georgia Betinardi, Mara Vogel, Elenara Pauli, Karine Vanessa Perez

Resumo


O presente trabalho surge após discussões em uma pesquisa de campo com fumicultores da região de Santa Cruz do Sul. O objetivo era conhecer a atividade desenvolvida por estes trabalhadores e compreender os diversos significados que estas práticas de trabalho assumem em suas vidas. O trabalho é central na vida das pessoas, principalmente a partir da influência do modelo capitalista que vivemos. Ele constrói identidades, traz relações de pertencimento à sociedade, e é um espaço de sublimação que propicia prazer e sofrimento. A agricultura destaca-se como base em nossa economia nacional e ao investigarmos como o trabalho neste setor produz saúde e adoecimento, pudemos compreender as diferentes estratégias defensivas utilizadas por estes trabalhadores e os diferentes discursos e desafios enfrentados todos os dias. Ao pesquisarmos sobre o histórico do cultivo de fumo em nosso país, percebemos como o estado do Rio Grande do Sul é referência nesta categoria mas, as condições de saúde e de trabalho dos fumicultores está muito precarizada. Dentre alguns fatores temos: a exploração do produtor de tabaco, a desproteção social do trabalhador por parte do estado, e a intensificação do trabalho em consonância com a lógica capitalista. Para a realização do trabalho, buscamos contato com diferentes agricultores dos municípios de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. As entrevistas ocorreram de forma semiestruturada, com perguntas e respostas que foram gravadas com auxílio de um celular, e posteriormente, fielmente transcritas. As entrevistas foram realizadas com 4 fumicultoras e 1 fumicultor. Idades entre 30 anos a 56 anos, com tempo de trabalho de 15 anos na categoria a 46 anos. A carga de horário de trabalho dos entrevistados varia de 48 a 54 horas de trabalho semanais. A escolaridade variou do 5º ano do ensino fundamental ao Ensino Médio completo, sendo que todos os entrevistados possuem propriedade própria. As entrevistas semiestruturadas continham perguntas relacionadas ao dia a dia de trabalho com o fumo, os aspectos de prazer e de sofrimento neste trabalho, as principais dificuldades encontradas na fumicultura, e as possíveis mudanças que poderiam ser realizadas para propiciar um trabalho com mais saúde. Os resultados encontrados refletiram a precarização no trabalho destes fumicultores, principalmente porque em suas falas, os trabalhadores trouxeram sentimentos de preocupação, ansiedade e insegurança, já que é um trabalho que não depende somente deles, depende do tempo, das fumageiras e do próprio mercado. Os aspectos de prazer relacionam-se na possibilidade de trabalhar em conjunto com a família, de ter momentos de descontração e brincadeiras. Também pelo fato de se apropriar do que produziu, e de ver o que foi plantado crescendo. Trabalhamos com os conceitos de reconhecimento no trabalho, estratégias defensivas utilizadas pelos fumicultores e o sofrimento e prazer no trabalho.



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