MINIDICIONÁRIO DE EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS DE PASSO DA AREIA-RS: O SENTIDO OBTIDO PELO CONTEXTO DE USO
Resumo
As disciplinas de Práticas de Ensino e Estágio em Língua Portuguesa do Curso de Letras/UNISC, que ocorrem concomitantemente, são, de fato, o apogeu de um curso de licenciatura. Trata-se do momento em que o acadêmico, além de pôr em prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso, define, de certo modo, as concepções que nortearão seu trabalho docente e sua visão para com seu objeto de estudo língua para além da sala de aula. Partindo-se, então, de uma visão de língua como estrutura, porém, suscetível às variações em atos de fala, o presente trabalho esboça os principais movimentos didáticos realizados em um Estágio de Docência Compartilhada, realizado em uma escola da cidade de Rio Pardo, interior do Rio Grande do Sul. Ancorou-se, para a realização das práticas didáticas em ideais da linguagem verbal que concebem a linguagem verbal como sendo um processo interativo que se realiza nas práticas sociais, tendo como arcabouço fundador os estudos da ciência Sociolinguística. Objetivou-se, nesta pesquisa, o esclarecimento entre as diferenças das duas modalidades em que a língua se configura no discurso (o oral e o escrito); a explicação dos diferentes tipos de variações linguísticas e os critérios que a fazem existir; e, por fim, a valorização da oralidade em sala de aula, bem como a luta contra o preconceito linguístico, ainda muito existente na escola. Vinculado a isto, durante a convivência do estagiário com a comunidade escolar, observou-se a utilização de uma linguagem bastante peculiar pelos seus membros. Durante as enunciações dos falantes da região interiorana de Passo da Areia, percebeu-se o uso de muitas expressões idiomáticas e/ou metafóricas. Suscitou-se, então, durante o processo de estágio, a elaboração conjunta, entre estagiário e os alunos, de um minidicionário contendo tais expressões. Para tanto, através de entrevistas informais com os moradores da comunidade, compilaram-se 49 expressões e palavras utilizadas no cotidiano dos falantes, denotando assim que o sentido se constrói através de um acordo sociodiscursivo entre interlocutores. Conclui-se, através desta pesquisa e experiência pedagógica, o quão se faz importante valorizar, além da escrita, as práticas orais em sala de aula, uma vez que a língua, dentre muitas coisas, serve como instrumento de poder do qual, muitas vezes, a escola o utiliza para fins de segregação. Entretanto, isso não significa dizer que a escola não deve ensinar e apresentar ao sujeito aluno a variante padrão da língua, muito pelo contrário. Deve-se, de fato, trabalhar a norma-padrão, porém, com o principal intuito de promover os alunos socialmente, preparando-os para as diferentes situações do uso da língua, a depender do contexto.
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