O ENFERMEIRO FRENTE ÀS INVESTIGAÇÕES DE ÓBITOS INFANTIL E FETAL EM UM SERVIÇO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Resumo
Os óbitos infantis e fetais formam um importante indicador de saúde e estão relacionados a determinantes biossocioculturais e assistenciais. Sua redução está vinculada a vários fatores, entre eles a melhoria das condições de vida da população e a criação de políticas públicas de saúde e, principalmente, sua implementação efetiva. Configuram um problema de saúde pública mundial, principalmente em países e regiões mais pobres. Em 2010 o Ministério da Saúde instituiu a obrigatoriedade da investigação de óbitos infantil e fetal, tendo em vista a melhoria da qualidade das informações e à promoção de reflexões para profissionais e gestores de saúde. O presente estudo relata a pesquisa desenvolvida durante a Residência Multiprofissional em Infectologia e Neurologia, da Universidade Franciscana, realizada em um Serviço de Vigilância Epidemiológica. O trabalho teve como objetivos apresentar como são realizadas as investigações de óbitos infantil e fetal, em um município da região central do Rio Grande do Sul, identificar e discutir alguns elementos que dificultam a realização desta atividade. O estudo foi realizado através de uma pesquisa qualitativa, a partir da análise de 37 declarações de óbito, infantis e fetais, de residentes do município ocorridas no primeiro semestre de 2019 e suas fichas de investigação. A partir dessa análise, observou-se a ausência de informações importantes durante o preenchimento da declaração de óbito e das fichas de investigações, erros de informação em relação a real causa do óbito, preenchimento incorreto e variáveis ignoradas. A qualidade dos dados é de extrema importância, pois se equivocados comprometem os registros de mortalidade, gerando informações errôneas, prejudicando o planejamento de estratégias que são feitas com base nessas estatísticas. De forma geral, as investigações são realizadas com dificuldade na coleta de informações necessárias para cada caso, principalmente na atenção básica, seja ela prestada pelo Sistema Único de Saúde ou pela rede particular, isso se deve, principalmente, pela falta de informações registradas pelos profissionais durante os atendimentos ou registros incorretos. Outra situação que dificulta bastante às investigações de óbitos, é o modo como se organiza a Atenção Básica no município, dividindo-se em Unidades Básicas de Saúde, Estratégias de Saúde da Família e Estratégias de Agentes Comunitários de Saúde (EACS). Nesse contexto, não há definição de população adscrita e territórios delimitados, porém, é atribuição da atenção básica a coleta de informações pela entrevista domiciliar e ficha de investigação ambulatorial dos óbitos pertencentes à sua região. A rotatividade e a falta de profissionais capacitados para realizar as investigações de óbitos também é algo que dificulta o processo de investigação, outro fator determinante é resistência na articulação do trabalho entre a atenção básica e vigilância epidemiológica. Foi possível concluir que há necessidade de sensibilizar e mobilizar os profissionais de saúde do município para qualificar as informações fornecidas e aprimorar as investigações de óbitos infantis e fetais. Para melhorarmos as condições de saúde de um município, é preciso conhecer o que está ocorrendo com a saúde de sua população. As informações sobre a mortalidade, principalmente os fatores de riscos, são fundamentais para o planejamento de ações em saúde, a fim de melhorar a qualidade da assistência à saúde e, consequentemente, a redução dos índices de mortalidade.
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