ANÁLISE DOS CASOS DE LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA EM SANTA CRUZ DO SUL, RIO GRANDE DO SUL, NO PERÍODO DE 2011-2018

Gabriela Lara Lehmen, Daniela Jordan, Ana Elisa Ruppenthal, Nicóle Eduarda Teixeira, Andreas Köhler, Diego Prado de Vargas

Resumo


A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma patologia causada pelo protozoário de Leishmania Ross, 1903 sendo que a transmissão na região de Santa Cruz do Sul ocorre, principalmente, por meio dos mosquitos Migonemyia migonei (França, 1920) e Pintomyia fischeri (Pinto, 1926). A importância da Leishmaniose se define pelo impacto que produz na saúde pública, tendo em vista que se trata de uma zoonose potencialmente letal, sendo que o número de incidência já está elevado, mas ainda em expansão, principalmente no meio urbano. O objetivo deste trabalho foi analisar os casos de Leishmaniose canina registrados na cidade de Santa Cruz do Sul/ RS, no período de 2011-2018, relacionando os números de casos em determinados anos com as condições climáticas (temperatura, umidade e precipitação), com os bairros de acordo com o habitat e o ciclo de vida do vetor, com o ambiente em que o animal vive (área urbana ou rural; dentro de casa, no quintal ou na rua), com a raça, o sexo, a pelagem e com a convivência com outros animais. Foram coletados dados da Vigilância Sanitária, de Santa Cruz do Sul, a respeito de 100 casos catalogados de LVC nos anos 2011-2018, os quais foram submetidos a análises multivariadas, relacionando a ocorrência de casos em cada ano com as condições climáticas, características do animal e o ambiente em que este vivia. Determinou-se quais destes fatores estão interferindo positivamente para a proliferação da LVC e quais medidas seriam cabíveis para controlar o número crescente dessa doença no meio urbano. Em relação aos bairros, houve uma concentração de casos nos localizados próximos ou dentro de áreas verdes, como Aliança, Arroio Grande, Bonfim, Dona Carlota, Pedreira e Renascença, que são o habitat natural dos vetores, visto que são locais úmidos e com acúmulo de matéria orgânica, bem como são o habitat dos reservatórios silvestres da Leishmaniose. A invasão continua dessas áreas e destruição do habitat natural são fatores que contribuem para disseminação da Leishmaniose na área urbana. Um saneamento pouco desenvolvido, invasão da vegetação presente e frequentes alagamentos, são fatores que definem os bairros com mais incidência, como os da várzea do Rio Pardinho. A pluviosidade e a umidade relativa do ar são fatores que interferem somente secundariamente na ocorrência da Leishmaniose. Considerando a zoonose no meio urbano e o crescente números de casos, é importante que haja conscientização da população para que seja possível a reversão desse quadro. Nesse contexto, seriam medidas importantes a manutenção de politicas publicas de preservação de áreas verdes e campanhas de conscientização ambiental, assim como cuidados básicos que a população deve realizar como manter os quintais e terrenos baldios sempre limpos, o uso de repelentes em locais de exposição, bem como a vacinação em cães. Além disso, sabendo de que muito casos de LVC ainda não são registrados com os órgãos municipais, um sistema de registros dos casos da doença será fundamental, a fim de definir melhor os impactos na saúde pública, bem como para prevenir caso da doença em humanos.

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