O brincar é considerado essencial na vida do ser humano. Contudo, o tempo e o espaço do brincar têm se transformado ao longo do tempo, bem como os brincantes, as formas de brincas e seus elementos. A escola representa um espaço de trocas sociais, afetivas e cognitivas fundamentais para o desenvolvimento humano. Estudos nas diversas áreas do conhecimento que envolvem a infância e a Educação sinalizam sobre a importância do brincar na escola. Nesta perspectiva, a presente pesquisa teve como principal objetivo conhecer os sentidos do brincar atribuídos pelas crianças no contexto escolar. Além disso, como objetivos específicos, identificar quais brincadeiras fazem parte do repertório contemporâneo das crianças; e verificar se as crianças percebem a escola enquanto espaço de brincar. Para isso, buscaram-se referências sobre considerações históricas e sociais da infância e da criança, bem como concepções acerca do brincar e da brincadeira, tendo como âmbito central o contexto escolar. Utilizando-se da metodologia da fenomenologia, esse estudo configura-se como uma pesquisa qualitativa. Esta pesquisa de término de curso abrangeu uma turma de 4º ano, com 16 crianças de idades entre 9 e 10 anos, estudantes da Escola Estadual de Ensino Fundamental Petituba, do município de Santa Cruz do Sul – RS. Realizaram-se cinco encontros que proporcionaram a vivência pelo brincar na escola, através do diálogo e da reflexão sobre o tema, bem como das expressões individuais e coletivas utilizando materiais expressivos. Desta forma, as rodas de conversa se configuraram por meio do círculo de cultura, possibilitando a troca, a criação, a expressão e a comunicação entre as crianças. Considerando o brincar como um modo de ser e viver no mundo, pretendeu-se criar espaços de diálogo sobre o brincar, brincando. Além disso, as crianças puderam expressar as emoções que emergem do brincar através da argila, da corporeidade e de desenhos, utilizando tintas, lápis de cor, giz de cera e giz pastel, folhas coloridas, etc. Os materiais da pesquisa foram analisados conforme o procedimento de amplificação simbólica. A partir dos encontros, surgiram três principais aspectos em relação ao brincar na escola: as brincadeiras e as culturas infantis; relacionar-se e emocionar-se na escola; imaginação. Estes aspectos foram desenvolvidos a partir da descrição fenomenológica dos encontros e dos registros dos relatos das crianças e de seus materiais produzidos. Os sentidos do brincar na escola construídos pelas crianças manifestam dimensões coletivas e individuais, de modo que pensar o brincar na escola fez pensar o brincar na vida. Desta forma, o brincar é vivenciado como um modo de ser e estar no mundo, um modo de viver com criatividade, imaginação, espontaneidade e inteireza. Assim sendo, os sentidos do brincar atribuídos pelas crianças no contexto escolar foram construídos no processo de conexão emoção-pensamento durante a vivência pelo brincar.