ARTES PLÁSTICAS E EDUCAÇÃO: APRENDER FAZENDO ARTE

Carine Josiéle Wendland, Sandra Regina Simonis Richter

Resumo


O presente estudo apresenta uma reflexão em torno do encontro educacional entre artes plásticas e suas relações com o âmbito da convivência escolar com a finalidade de deter-se na experiência de desenhar e de pintar como potente experiência narrativa e criadora de linguagem. Com o objetivo de interrogar como a arte educa, o estudo aborda a dimensão formativa da ação de desenhar e de pintar a partir da relação entre artes plásticas e processos de aprendizagem na infância ao problematizar tanto a simplificação escolar de técnicas e instrumentos gráficos e pictóricos quanto a ênfase escolar ao produto final em detrimento dos percursos narrativos e processos de produção de imagens. Para abordar a dimensão educativa da ação de desenhar e pintar o estudo opta por uma abordagem qualitativa para descrever e interpretar o vivido em uma oficina de artes plásticas com um grupo de crianças entre cinco e dez anos de uma escola da rede privada no município de Vera Cruz-RS. A proposta de realização de uma oficina durante o ano letivo de 2018 com as crianças foi complementada com a realização de entrevistas não estruturadas com suas professoras com a intenção de aproximar o encontro entre professores, crianças e artes plásticas na escola e a interlocução com as reflexões de Fayga Ostrower, Maria Amélia Pereira e Humberto Maturana. Autores que, entre outros, permitem considerar que a arte e a brincadeira estão intimamente interligados, que não existem fórmulas para as ações de desenhar e de pintar, muito menos certo e errado, pois implica considerar o corpo sensível no mundo na vivência de produção de sentidos em sua capacidade "linguageira" de poeticamente imaginar narrativas gráfico-plásticas. As crianças demonstram encantamento pelo encontro com a diversidade das materialidades e diferentes ferramentas na ação de imaginar e sonhar no ato de narrar desenhando e pintando. Ações que se tornam significativas quando nelas provoca curiosidade pela experiência de manipular a diversidade dos modos de produzir linhas e manchas coloridas. Observar o mundo a sua volta passa a fazer parte da rotina de alguns, e, com outro olhar, o lúdico, aprendem a brincar com os traços e as cores, a desafiar a imaginação e provocar modos de estar em linguagem. Pode-se considerar que brincando, pintando, desenhando e imaginando, fazendo poesia/arte criam-se pequenos momentos da vida que a tornam mais bela e significativa, que fazem-na valer a pena. Enquanto ações encantadoras e gestos simples ao mesmo tempo deixam marcas no mundo. Pouco se tem pesquisado neste campo, apesar de estar conosco desde o início da história da humanidade, portanto, necessária à formação docente para reinventar uma escola na qual as crianças aprendam a ser brincantes no ato de desenhar e de pintar, pois é assim que a arte educa: em ato, desenhando e pintando, brincando com modos de narrar o vivido.


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