Para as mulheres, o útero tem sua função biológica e fisiológica diretamente ligada à maternidade e representa um órgão intimamente relacionado com a feminilidade, imagem corporal e identidade do papel da mulher perante a sociedade, além de estar fortemente vinculado à sua sexualidade. Sendo assim, sua remoção cirúrgica pode ser vista de forma traumatizante, tanto na vida social como também na sua vida conjugal e nas relações sociais. Diante disso, surgiu a proposta de pesquisar questões relacionadas à sexualidade de mulheres histerectomizadas, tendo como objetivos compreender os sentimentos das mulheres submetidas a este procedimento e identificar suas percepções quanto à sexualidade, além de mostrar aspectos positivos e negativos vivenciados e verificar as principais mudanças que podem surgir na sexualidade de uma mulher, decorrentes da histerectomia, contribuindo assim para o aprimoramento da atuação da enfermagem no sentido de compreender os sentimentos e significados relacionados a este processo cirúrgico. Essa pesquisa foi de natureza qualitativa exploratória, utilizando o método de representação social, visto que permitiu desvelar percepções relacionadas à histerectomia e repercussões sobre a sexualidade desse grupo de mulheres. A população estudada foi constituída por oito mulheres que realizaram a cirurgia de histerectomia. A coleta de dados ocorreu entre os meses de dezembro de 2010 a janeiro de 2011, após aprovação do CEP. As entrevistas foram previamente agendadas e aconteceram na residência das convidadas após assinatura do TCLE, sendo os diálogos gravados e realizados com base num questionário aberto. Os resultados deste estudo demonstraram que algumas mulheres que passam pelo processo de histerectomia vivenciam momentos difíceis durante este período. A maioria dos sentimentos e dúvidas mencionados é geradora de sofrimento, relacionados aos temores em relação às sensações sexuais e a incapacidade de gerar e procriar. No entanto, considerando os aspectos positivos evidenciados, ressalta-se a melhora na qualidade de vida da maioria das mulheres após a histerectomia, sendo referida como principal causa, a cura da doença e a sensação de harmonia em relação à vida sexual, percebida após a cirúrgia. Por outro lado, existem mulheres que ainda se sentem estigmatizadas pela doença e por sua consequência cirúrgica, além de demonstrarem medos, anseios e muitas dúvidas, relacionados aos mitos e crenças populares sobre possíveis alterações na percepção sexual, possibilidade de frigidez e até mesmo, desinteresse do parceiro por elas, após realização do processo cirúrgico. Sendo assim, percebeu-se a necessidade de existir uma assistência mais centralizada, priorizando orientações específicas, referentes aos sentimentos e à sexualidade destas mulheres. Por esse motivo, se faz necessário que as mulheres que serão submetidas à histerectomia sejam previamente avaliadas, atentando também para o ponto de vista sentimental, para facilitar precocemente a detectação dos sinais de alteração ao nível emocional, social e conjugal, reduzindo assim o impacto negativo da histerectomia. Conclui-se assim que é necessário que o profissional enfermeiro perceba que a histerectomia pode influenciar na sexualidade e na qualidade de vida de muitas mulheres, de forma a demandar uma assistência diferenciada, menos diretiva e mais humanizada, amenizando, dessa forma, a tensão e o sofrimento sentidos, decorrentes deste processo cirúrgico.