ANATOMIA, ASPECTOS CLÍNICOS E EVOLUÇÃO DO NERVO ACESSÓRIO: ORIGEM CRANIANA OU VERTEBRAL?

Deives Campos, Joel Henrique Ellwanger, Alexandre Rieger

Resumo


 

O nervo acessório é tradicionalmente descrito como tendo raízes tanto espinhal como craniana, com a raiz espinhal proveniente do segmento cervical superior da medula espinhal e a raiz craniana originária da superfície dorsolateral do bulbo. As radículas espinhais e cranianas convergem antes de entrar no forame jugular ou dentro dela. Entretanto, essa visão convencional tem sido questionada, uma vez que não há relevante descrição de alguma contribuição craniana para o nervo acessório. Discutir as implicações clínicas, anatômicas e evolutivas dessas definições é o objetivo do presente estudo. Para a elaboração desse trabalho foram consultados artigos científicos publicados em língua inglesa, assim como livros-texto. Os artigos foram acessados ​​a partir de uma pesquisa básica na base de dados PubMed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), usando termos como "accessory nerve", "spinal root" e "cranial root". De acordo com a análise dos textos pesquisados, verificou-se que o nervo acessório pode ser anatomicamente considerado um nervo cranial, mas é puramente um nervo motor, que se origina de neurônios motores na medula espinhal cervical superior e inerva os músculos trapézio e esternocleidomastóideo. O esternocleidomastóideo é o único músculo do corpo cuja ação é para o lado oposto do espaço (que vira a cabeça para o lado oposto). Assim, uma lesão do nervo acessório direito provoca fraqueza para virar a cabeça para a esquerda. A causa mais comum de paralisia isolada do nervo acessório é lesão iatrogênica, muitas vezes ocasionada durante a biópsia de um linfonodo localizado na borda posterior do músculo esternocleidomastóideo. A paralisia do nervo acessório também pode ser decorrente de anomalias da junção craniocervical, tumores no forame magno, assim como da síndrome do forame jugular. Ainda, o conhecimento da anatomia do nervo acessório é importante para o sucesso de intervenções cirúrgicas no triângulo anterior e posterior do pescoço. Em termos evolutivos foi encontrado descrições de que o nervo acessório pode ter surgido quando alterações necessárias para movimentos mais complexos do pescoço objetivando uma melhor exploração do meio terrestre por espécies até então aquáticas foram exigidos, envolvendo músculos que ajudam em ciclos de respiração. Contudo, de acordo com os textos analisados, conclui-se que o nervo acessório pode ser considerado em termos anatômicos um nervo cranial, entretanto ele é um nervo motor. Porém, essas afirmações ainda são muito discutidas entre os pesquisdores. Já o conhecimento da rota do nervo acessório e suas relações com as estruturas adjacentes facilita a determinação da causa exata de lesões e promove a realização de procedimentos cirúrgicos com segurança. Evolutivamente, parece que o nervo acessório surgiu para facilitar a exploração de ambientes terrestres por espécies aquáticas.

 


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