A língua é um órgão muscular que pode assumir várias formas e posições. Classicamente, sabe-se que a língua é composta de músculos extrínsecos e intrínsecos. Os papéis desempenhados pela língua na fala, deglutição e respiração têm sido demonstrados em humanos e animais. Disfunções da língua podem levar à disartria, disfagia e apneia obstrutiva do sono. Com isso, os avanços no tratamento dessas doenças exigem um maior conhecimento da biomecânica da língua. No entanto, pouco se sabe sobre como cada um dos músculos da língua contribui para essas tarefas motoras. Além disso, não há unanimidade entre os pesquisadores para classificar o músculo palatoglosso como parte da língua. Da mesma forma, existem controvérsias quanto à inervação desse músculo. Portanto, o objetivo deste trabalho é discutir alguns fatores anatômicos e funcionais da língua que podem ajudar a minimizar essas questões, dando ênfase para a neuroanatomia do músculo palatoglosso. Para a elaboração desse estudo foram consultados artigos científicos publicados em língua inglesa e livros-texto da área de anatomia humana, sendo que os artigos foram acessados ​​a partir de uma pesquisa na base de dados PubMed (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), utilizando os termos "tongue", "palatoglossus", "tongue innervation" e "hypoglossal nerve". De acordo com os artigos encontrados e livros consultados, verificou-se que trabalhos realizados recentemente descrevem em detalhes a importância funcional do músculo palatoglosso nos movimentos complexos da língua. Além disso, existem numerosos estudos descrevendo a conexão anatômica do músculo palatoglosso com a língua, tornando inquestionável a relação anatômica e funcional do músculo palatoglosso com o órgão. Por outro lado, outros autores não descreveram o músculo palatoglosso como um músculo da língua. Conforme verificado, essa controvérsia pode ser devido ao fato de que alguns pesquisadores consideram o músculo palatoglosso como um músculo pertencente ao palato. É descrito que esse músculo realmente se origina da superfície inferior da aponeurose palatina. Em relação a inserção, vários autores concordam que o músculo insere-se na região póstero-lateral da língua e, com isso, ele é diretamente associado com essa estrutura. Outro aspecto importante é a controvérsia sobre a inervação do músculo palatoglosso. Descrições inespecíficas consideram que todos os músculos da língua são inervados pelo nervo hipoglosso. Entretanto, outros pesquisadores têm demonstrado que toda a musculatura intrínseca e extrínseca da língua é fornecida pelo nervo hipoglosso, exceto a do músculo palatoglosso, que é fornecida pelo nervo vago. Já em relação ao nervo glossofaríngeo, vários autores têm argumentado que esse nervo é o único responsável pela inervação do músculo estilofaríngeo e, portanto, o nervo glossofaríngeo não seria responsável pela inervação do músculo palatoglosso. Contudo, a partir dos textos analisados, pode-se concluir que a inervação do músculo palatoglosso ocorre pelo nervo vago, e não pelo nervo hipoglosso ou pelo nervo glossofaríngeo. Também é possível sugerir que essa controvérsia pode induzir a não citação do músculo palatoglosso como parte integrante dos músculos extrínsecos da língua por diversos autores. Finalmente, o presente trabalho pode ajudar a esclarecer importantes aspectos neuroanatômicos do músculo palatoglosso, bem como diminuir alguns questionamentos sobre a organização anatômica de um importante músculo do palato e da língua.