AUTOMEDICAÇÃO ENTRE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO ENTRE ESTUDANTES DA UNISC

Marco Andre Cadona, Camila Peraça, Carla de Potter, Marina Schuenke, Vivia de Sena

Resumo


 

É conhecido que na população brasileira é muito frequente não somente o uso de medicamentos sem receita médica, mas, também, o descumprimento das prescrições alcançadas pelos profissionais de saúde. É o fenômeno que, nas ciências da saúde, é conhecido como “automedicação” (“medicar a si mesmo”). A automedicação é um fenômeno potencialmente nocivo à saúde individual e coletiva, pois nenhum medicamento é inócuo ao organismo e seu uso inadequado pode acarretar diversas consequências, tais como, por exemplo, resistência bacteriana, reações de hipersensibilidade, intoxicações, dependência, sangramento digestivo. Além disso, o alívio momentâneo dos sintomas pode ocultar a doença que, ao passar despercebida, pode progredir e levar a situações ainda mais graves. Isso vale, inclusive, para analgésicos e antitérmicos que, quando utilizados de maneira indiscriminada, podem causar os efeitos acima indicados. Alguns estudos sobre essa temática problematizam a relação entre automedicação e falta de informação, indicando que, em determinados grupos de pessoas, com índices elevados de escolarização, a automedicação é um fenômeno presente. Isso ocorre, inclusive e, principalmente, entre estudantes da área de saúde; o acúmulo de conhecimentos no decorrer dos cursos que realizam, somado à experiência que vão adquirindo durante o tempo mesmo em que estão cursando universidade, contribuem para que os mesmos adquiram uma autoconfiança e uma segurança que os impulsiona à automedicação. O trabalho a ser apresentado é resultado de uma pesquisa que procurou analisar o alcance dessa proposição entre estudantes da Universidade de Santa Cruz do Sul. Para tal, foi realizado um levantamento, de caráter quantitativo e exploratório, com uma amostra de cinquenta estudantes de diferentes cursos existentes na UNISC (sendo vinte cinco estudantes da área de saúde e vinte e cinco estudantes de áreas situadas fora do campo de saúde). Através da aplicação de um questionário procurou-se investigar não somente a presença do fenômeno da automedicação entre os estudantes universitários, mas também, e principalmente, se entre os estudantes da área de saúde o maior conhecimento e a maior experiência com o uso e a manipulação de medicamentos implicava uma maior confiança para a prática da automedicação. O levantamento demonstrou que a automedicação é um fenômeno altamente significativo nas experiências de vida tanto de estudantes da área da saúde quanto de estudantes que realizam cursos de outras áreas. Notou-se, porém, que se trata de um fenômeno mais presente entre os estudantes da área de saúde: 92% responderam que costumam automedicar-se, contra 76% dos estudantes de cursos situados fora da área da saúde. Dentre os estudantes investigados, os da área da saúde utilizam os medicamentos por um período menor que uma semana; já os estudantes de outras áreas tendem a utilizar os medicamentos até o desaparecimento dos sintomas. A maioria dos questionados afirmou ter medicamentos em sua residência, sendo os mais citados os analgésicos, os antigripais, os descongestionantes nasais e os antiinflamatórios. O levantamento realizado permitiu concluir que, embora um número maior de estudantes da área da saúde afirme se automedicar, a maioria dos estudantes que não são da área da saúde possui medicamentos em casa e/ou carrega na sua bolsa ou mochila, gerando resultados semelhantes quanto à automedicação.

 


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