TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO OU NEUROSE OBSESSIVA?UM PERCURSO ENTRE A PSIQUIATRIA E A PSICANÁLISE

Edna Linahres Garcias, Anelise Wartchow Schlichting

Resumo


 

O presente trabalho apresenta uma discussão/reflexão sobre o Transtorno Obsessivo-Compulsivo/Neurose Obesessiva, contrapondo a Psicopatologia Médica/Psiquiátrica em relação à Psicanálise no entendimento deste Fenômeno, estudo que se deu a partir de experiências vivenciadas na prática da clínica ampliada de estágio do Curso de Psicologia no Serviço Integrado de Saúde – SIS, onde me confrontei com algumas questões, entre elas: qual a diferença entre Neurose Obsessiva e Transtorno Obsessivo-Compulsivo-TOC? Diante das crescentes divulgações dos discursos de que o transtorno obsessivo-compulsivo é determinado por fatores biológicos, e de que a teoria psicanalítica clássica perdeu seu prestígio, assistimos ao fortalecimento do discurso de que os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo são amplamente refratários à psicoterapia psicodinâmica e que, portanto os tratamentos farmacológicos e comportamentais se tornam cada vez mais comuns. Neste sentido, o objetivo foi realizar uma discussão ampliada sobre as diferentes maneiras de entendimento dos aspectos constitutivos desse fenômeno, possíveis a partir de constatações das diferenças nas abordagens teóricas e nas diferentes formas de compreensão na constituição e condução do tratamento deste fenômeno – Neurose Obsessiva / Transtorno Obsessivo-Compulsivo – proporcionado através de estudos e análise de um caso clínico. Diante disso, surgiram questionamentos referentes à condução e argumentação deste trabalho, mas que ao mesmo tempo, instigou-me, contextualizar o caso de uma mulher de 48 anos, guiada pelo aporte da especificidade da Psicanálise, visto que ao me apropriar de escritos de Freud na qual aborda sobre o fenômeno da Neurose Obsessiva, foi possível realizar observações e intervenções que possibilitaram a paciente falar de si e não permanecer, apenas, relatando seu sintoma, o qual vinha repetindo sem a mínima elaboração; situação que nas sessões iniciais repercutia em mim como forma de inquietações diante dos relatos da paciente, mas que ao mesmo tempo me conduziram, também, realizar leituras de psicanalistas contemporâneos que contribuíram na condução de um trabalho analítico satisfatório, diante das reações e respostas terapêuticas positivas da paciente e, consequentemente, na sua evolução clínica, se confirmando no decorrer da psicoterapia, que a mesma conseguiu recordar, grande volume de material associativo, chegando a acessar questões remotas da sua infância, que revelam sofrimentos e impasses com seu próprio desejo inconsciente, e que lhe possibilitou estabelecer associações entre os acontecimentos significativos em sua vida e a influência destes na problemática que apresenta, o qual, contudo, até o momento, esclareceu (em parte) as circunstâncias nas quais se havia dado a formação de sua doença, mas que já lhe possibilitou reelaborar e dar um “outro” sentido para o seu sintoma, assim como, se compreender e adquirir melhores condições de saúde e de qualidade de vida, constatando desta forma que a Psicanálise constitui um dos meios através do qual o sofrimento psíquico pode ser, quando não curado, pelo menos amenizado, o que suponho ter alcançado a partir de minha experiência, quando foi possível concluir que os fatores psicodinâmicos podem prestar considerável benefício ao entendimento do que precipita as exacerbações do transtorno e ao tratamento de várias formas de resistência a ele (inclusive a falta de adesão aos medicamentos).

 

 


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