FREQUÊNCIA DE CASOS DE CÂNCER DE BOCA REGISTRADOS NO LABORATÓRIO DE HISTOLOGIA E PATOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL

Michele Gassen Kellermann, Joel Henrique Ellwanger, Laisa Laura Dickow, Juares Alaor Schmidt

Resumo


 

O câncer de boca é uma neoplasia maligna, crônica, de origem multifatorial, resultante da interação de fatores etiológicos denominados cancerígenos que atuam alterando a estrutura genética da célula afetando os processos de controle da proliferação e crescimento celular. Os fatores etiológicos podem ser externos, como substâncias químicas, irradiação, microrganismos como vírus, bem como condições relacionadas ao ambiente e aos hábitos e costumes socioculturais dos indivíduos. Fatores internos também influenciam no surgimento do câncer. Esses fatores podem ser hormonais, imunológicos e genéticos, relacionados à capacidade de defesa do organismo às agressões externas. O câncer de boca é um importante problema da saúde pública no Brasil, apresentando-se entre os dez casos de cânceres mais frequentes na população. Levando em consideração que o único levantamento sobre a frequência de lesões orais referentes ao material das biópsias realizadas pela Clínica de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) e processadas no Laboratório de Histologia e Patologia da mesma universidade foi realizado no ano de 2005, esse trabalho justifica-se por apresentar dados atuais referentes aos casos diagnosticados como carcinomas (tipos de câncer e distribuição ao longo dos anos) pelo laboratório. A metodologia empregada para a realização desse trabalho foi: 1) levantamento do total de laudos emitido pelo laboratório entre o ano de 2003 (no qual o laboratório iniciou a emissão de laudos internos para a clínica) e o ano de 2010 e verificação dos diagnósticos das biópsias através de consulta dos arquivos do laboratório; 2) digitação dos dados no software Micosoft Office Excel 2007 para posterior seleção dos dados referentes aos carcinomas e geração de gráficos (“Total de carcinomas diagnosticados e distribuição dos diagnósticos entre os anos de 2003 e 2010” e “Total e percentual dos diferentes tipos de carcinomas encontrados”); 3) análise e discussão dos resultados encontrados. Como resultados, verificou-se que entre o período analisado foram processadas no laboratório 518 biópsias. Dos laudos emitidos, 31 foram de carcinomas da cavidade oral, representando 6% do total de diagnósticos. Entre esses casos, o tipo de lesão que apresentou maior incidência foi e Carcinoma Espinocelular (28 casos, 90%), seguido pelo Carcinoma in situ (3 casos, 10%). Em relação à distribuição dos casos ao longo dos anos, foi verificado 1 caso em 2003, nenhum caso em 2004, 2 casos em 2005, 4 casos em 2006, 3 casos em 2007, 8 casos em 2008, 4 casos em 2009 e 9 casos 2010. Um trabalho recente que avaliou a epidemiologia de câncer boca em um laboratório de um hospital público brasileiro demonstrou que o tipo histológico de câncer mais prevalente foi o Carcinoma Espinocelular ou Epidermóide (72,7% dos casos). O restante das lesões encontradas foram os carcinomas de outros tipos histológicos, porém o carcinoma in situ, tipo histológico verificado em nosso trabalho, não foi encontrado pelo estudo supracitado. Um dos fatores mais importantes para o bom prognóstico do tratamento do câncer de boca é o diagnóstico precoce que deve ser realizado com o exame clínico associado aos exames laboratoriais, como a análise histológica da lesão, sendo assim, o laboratório desempenha papel relevante no diagnóstico das lesões bucais dos pacientes atendidos pela Clínica de Odontologia da UNISC.

 


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