CAMINHOS E DESCAMINHOS DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA NA ADOLESCÊNCIA: ESTUDO DE CASO

Silvia V. Coutinho Areosa, Carine Guterre Cardoso, Ana Luiza Portela Bittencourt

Resumo


 

O uso abusivo de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e corresponde a um grande problema social e de saúde pública. Está começando cada vez mais cedo, sendo que muitas crianças e adolescentes encontram-se dependentes destas substâncias. Este trabalho teve como objetivo abordar os caminhos e descaminhos da drogadição na adolescência a partir do estudo de caso de um adolescente que frequenta o Centro de Atenção Psicossocial à Infância e Adolescência – CAPSia de Santa Cruz do Sul. Trata-se de um adolescente franzino de 13 anos que nasceu e viveu em um bairro considerado carente de Santa Cruz do Sul. Está em atendimento no CAPSia desde março de 2010, foi encaminhado pelo Centro de Referência Especializado da Assistência Social – CREAS, devido ao uso de crack. O mesmo (aqui denominado R) mora com a mãe e o pai, semianalfabetos, autônomos, trabalham principalmente com a agricultura. Tem um irmão, também usuário de drogas de 17 anos o qual era responsável pelo cuidado de R e o iniciou no uso de drogas. R adentrou na marginalidade, cometendo pequenos furtos para sustentar seu vício. A vida familiar de R parece pobre tanto economicamente quanto afetivamente. O adolescente já esteve internado por três vezes para desintoxicação. Atualmente está evadido da escola, por ordem do Juiz. No CAPSia seu plano terapêutico é intensivo composto por consultas com Psiquiatra (a medicação é administrada no CREAS, tendo em vista que sua família não consegue administrar a medicação em casa) e oficinas terapêuticas. Nestas busca-se desenvolver as seguintes dimensões: estimular o desenvolvimento cognitivo, social e afetivo; propiciar a autoexpressão, autoestima e tomada de iniciativa; estimular a resolução de problemas e a criatividade; desenvolver a coordenação motora e o raciocínio lógico; desenvolver a sociabilidade. Desde a entrada no serviço foi indicado participação dos pais no grupo de familiares, mas não houve adesão por parte destes. Atualmente, R vem apresentando melhoras significativas, este aderiu ao Projeto Terapêutico, frequentando assiduamente as oficinas e as consultas com o Psiquiatra. Mostra melhoras na conduta e na sociabilidade. Porém apresenta muitas dificuldades na elaboração das atividades das oficinas, principalmente quando se refere ao uso do raciocínio, o que denota a consequência do uso de drogas e do afastamento da escola. O caso relatado vem ao encontro dos referenciais teóricos estudados, mostrando a dificuldade de adesão da família ao plano terapêutico e as consequências desta não adesão. R recaiu três vezes após entrar em atendimento no CAPSia, fator comum quando se fala em dependência química, a maioria dos adolescentes usuários de droga que entram no serviço apresentam várias recaídas, o que mostra a complexidade da problemática.

 


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