A CONSTRUÇÃO DA REVOLTA: AS REPRESENTAÇÕES DA REVOLUÇÃO DE 1930 NAS PÁGINAS DA REVISTA DO GLOBO (1929-1932)

Jose Matin Remedi, Eduardo Barret Araujo

Resumo


 

Criada em 1929, a Revista do Globo tornou-se uma referência no Rio Grande do Sul, seja pelo fato de aderir ao movimento Modernista do qual tardiamente o Brasil juntara-se ou pelo fato de aproximar-se da população, pois a revista possuía uma identificação com o povo gaúcho. Tratando de temas como literatura, artes, moda, beleza, concursos femininos, esportes, sendo fonte de anúncios de produtos variados para o lar, cinema e política, a revista conquista um espaço definitivo na vida social do estado gaúcho. Em particular, são os acontecimentos políticos que neste trabalho de pesquisa serão analisados, dando ênfase aos episódios que antecederam o dia 3 de outubro de 1930, assim como os que posteriormente deram sustentação ao governo provisório. O fato de ter se tornado uma das maiores divulgadoras no estado e fora dele do movimento revolucionário de 1930, coloca a Revista do Globo em situação de destaque para as análises que tenham como foco o estudo e o mapeamento do discurso e das de representações sociais que tratam de tais episódios importantes da história brasileira. Utilizando-se da figura central do movimento, Getúlio Vargas, o periódico inunda os números da revista com reportagens, fotos e cartas escritas por personalidades envolvidas no movimento renovador, como foi tratada a revolução de 30 em suas páginas. Cabe ao presente projeto identificar, através das reportagens e editoriais da Revista do Globo, como se manifestam as diferentes representações da Revolução de 1930 através das quais são veiculados ideias e personagens da revolta em curso. E, como objetivos específicos, (a) mapear as reportagens e editoriais da Revista do Globo nas quais são noticiados os eventos da Revolução de 1930; (b) identificar antecedentes e preparativos das classes dirigentes gaúchas para o levante de 1930; (c) estabelecer o papel do líder, Getúlio Vargas, através das construções de representações nas matérias jornalísticas; (d) analisar como o episódio da Revolução de 1930 foi utilizado como um fator de fortalecimento e diferenciação dos gaúchos em relação ao espaço político local e suas relações com o restante do país. Este trabalho pretende-se estar vinculado a história cultural que caminha para a análise das representações do poder e da construção das identidades sociais ou culturais. A utilização do conceito de representação social permite que os trabalhos históricos se dediquem a períodos em que as sociedades passam a utilizar cada vez com maior frequência lutas que têm por objeto as representações, ao invés de batalhas e confrontações diretas. Do ponto de vista metodológico, será utilizado para análise as representações da Revolução de 1930 nas páginas da Revista do Globo, utilizar-se-ão os seguintes procedimentos: (a) revisão historiográfica sobre a Revolução de 1930; (b) revisão bibliográfica dos conceitos e teorias acerca do tema das representações sociais; (c) levantamento de dados na Revista do Globo (Acervo da CEDOC-UNISC); (d) análise e fichamento das fontes; (e) sistematização, organização e análise do material coletado; e, (f) análise final do matéria e redação do relatório da pesquisa. Estabelecidas as fases de revisão teórica e historiográfica, o estado atual da pesquisa é o do fichamento das fontes primárias na Revista do Globo.

 


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