MAIS CORTE QUE COSTURA: REPRESENTAÇÕES DA MODA FEMININA NA REVISTA DO GLOBO NA DÉCADA DE 1960.

Jose Martin Remedi, Caroline Greiner

Resumo


 

Parece óbvio em nossos dias que tanto a produção quanto o consumo de moda exercem papéis centrais na economia e, também, na produção dos sentidos e papéis de pertencimento social. Ao observarmos, incessantemente na mídia, as propagandas e os desfiles de moda, podemos notar um mundo dividido em gêneros, masculino e feminino. Em um momento em que a sociedade se mundializava em grandes transformações do mundo das comunicações e dos costumes, com a definição de novos papéis para homens e mulheres, a moda atuava não só como uma indústria em expansão, mas também como construtora de representações de identidades sociais. Em particular, no Brasil, teremos paradoxos no campo da moda, tais como: liberdade para vestir e profusão de cores e padronagens confrontadas com a sisudez e o conservadorismo impostos pela ideologia do regime da ditadura cívico-militar instaurada a partir de 1964. O presente estudo trata das representações construídas pela Revista do Globo acerca da moda feminina no período da década de 1960. Ou seja, como se dão as relações entre as representações sociais do feminino e o universo da propaganda dos produtos da indústria da moda e da beleza destinado às mulheres que resultam num determinado imaginário social da mulher/ do feminino. A Revista do Globo foi um quinzenário que abordava a cultura e a vida social do Estado, perdurando ao longo de quase quatro décadas (1929-1967). Dentre os temas que tiveram reportagens e anúncios veiculados a seu respeito na referida revista, encontram-se, largamente, os da moda e da estética femininas, o que certamente exerceu influência nos aspectos da formação sociocultural de Porto Alegre, bem como, provavelmente, do Rio Grande do Sul. O que nos leva a ter como o objetivo da pesquisa é identificar quais as representações da moda feminina – e logo do ideal de mulher – em Porto Alegre que foram produzidas pela Revista do Globo na década de 1960. Por tratar-se de um estudo histórico, pretende-se contemplar o objetivo proposto utilizando como apoio teórico-metodológico, a História Cultural, por essa partir do pressuposto de que a realidade social é culturalmente construída e que práticas produzem representações. Assim, deseja-se visualizar as manifestações da moda (anúncios, reportagens e editoriais) como um veículo capaz de produzir representações e a Revista do Globo como um meio de sua reprodução social. Assim, metodologicamente, se procederá a análise de conteúdo das representações da moda na Revista do Globo, através dos seguintes passos: (a) revisão historiográfica sobre o contexto político e social dos anos 1960; (b) revisão bibliográfica dos conceitos e teorias acerca do tema das representações sociais; (c) levantamento de dados na Revista do Globo (Acervo da CEDOC-UNISC); (d) análise e fichamento das fontes; (e) sistematização, organização e análise do material coletado; e, (f) análise final do material e redação do Trabalho de Conclusão do Curso. No presente momento, estão sendo realizadas simultaneamente as fases de revisão teórica e historiográfica, assim como o fichamento das fontes primárias na Revista do Globo.

 


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