A aquisição da linguagem tem causado interesse de estudiosos da área da linguística e da cognição humana há muito tempo. Este interesse fez com que diversos estudos tenham sido realizados ao longo de vários anos, considerando diferentes épocas e contextos. Não só a aquisição de língua materna tem sido abordada, mas também a aquisição de segunda língua (L2), pois é cada vez mais frequente vermos adultos e crianças frequentando aulas de língua estrangeira, aqui nos referimos à língua inglesa, uma das mais faladas e estudadas no mundo e exigida pelo competitivo mercado de trabalho. Entretanto, não é só em nosso futuro profissional e na bagagem cultural que a língua inglesa pode influenciar. Sabemos que a linguagem está extremamente ligada ao nosso desenvolvimento cognitivo e, a partir de observações empíricas é possível observarmos os diferentes processos cognitivos que são realizados pelos estudantes durante as aulas de língua inglesa. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo investigar o possível impacto causado pela aquisição precoce de língua estrangeira em crianças entre quatro e seis anos de idade, faixa etária equivalente à educação infantil. Para tanto, foi realizada uma contundente revisão de literatura envolvendo as diversas teorias de aquisição de língua estrangeira, a hipótese do período crítico e a zona de desenvolvimento proximal, bem como algumas contribuições do conexionismo e estudos realizados em relação ao bilinguismo. A partir dessa revisão, foi possível apontarmos as vantagens da aquisição de L2 já na educação infantil e principalmente destacarmos possíveis aspectos cognitivos que podem ter seu desenvolvimento potencializado a partir da aprendizagem precoce de língua inglesa. Entre as informações encontradas, podemos destacar um dado apresentado por Robinson (1998), que afirma que pesquisas apontam para o fato de que a experiência com dois sistemas linguísticos proporciona uma maior flexibilidade mental, superioridade na formação de conceitos e um conjunto de habilidades mentais diversificadas. Ou seja, na literatura foi possível encontrarmos dados que fortalecem a nossa hipótese de que a aprendizagem precoce de L2 possibilita a formação e o reforço de conexões sinápticas que não seriam desenvolvidas, tão reforçadas ou que, sem a aprendizagem dessa língua estrangeira, seriam desenvolvidas apenas em uma idade mais avançada. Entre as funções cognitivas a serem beneficiadas com a aprendizagem precoce de L2, citamos a memória. Surgiu então a percepção da necessidade de uma ferramenta que possa verificar o impacto da aprendizagem de L2 na memória. Contudo, considerando a complexidade dessa tarefa, ela não será realizada nesse momento. Sendo assim, os resultados de nosso trabalho são apenas parciais, mas muito importantes para a continuidade da pesquisa. Além disso, considerando que os estudos da área realizados até o momento levam em conta os benefícios da aquisição de língua estrangeira apenas enquanto bilinguismo, ou seja, em um contexto natural e de inserção, nosso trabalho tem caráter inovador, pois considera os benefícios da aprendizagem da língua estrangeira em um contexto escolar, o mais comum em nossa realidade.

ROBINSON, Deborah W. The Cognitive, academic, and attitudinal benefits of early language learning. In: MET, Myriam. Critical issues in early second language learning. [S.l.]: 1998. Disponível em: . Acesso em: 01 ago. 2011.