REDES E CAPITAL SOCIAL EM CONTEXTOS GLOBALIZADOS: LIMITES E ENGODOS DE UMA ABORDAGEM BOTTOM-UP DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Resumo
Desigualdades regionais são o resultado da ação e interação de múltiplos fatores, dos quais alguns são de ordem exógena, outros de ordem endógena. Abordagens endógenas do tipo bottom-up, que ressaltam as particularidades locais como sendo ativos a serem explorados e potencializados a partir da ação dos atores locais, podem ocultar severas restrições de eficácia destes ativos em contextos de economia globalizada. Do que pode resultar uma espécie de engodo no que diz respeito ao diagnóstico das problemáticas regionais, e das proposições para sua superação, nas regiões ora menos desenvolvidas. Neste artigo ilustra-se tal argumento analisando fundamentos da influente tese comunitarista (bottom-up) de capital social oriunda dos trabalhos de Robert Putnam e das publicações do Banco Mundial a partir da década de 1990. Conforme tal tese os atores locais estão inseridos (embedded) na estrutura sociocultural regional e em redes interpessoais de relacionamento, tendo assim, sua agência condicionada por esta estrutura, o que faz da cultura regional um ativo a ser explorado em prol do desenvolvimento. Ressalta-se aqui que estes atores, e os respectivos territórios, também estão inseridos em processos e estruturas mais abrangentes, de ordem exógena, que podem se sobrepor e/ou até mesmo ser mais impactantes que aqueles de ordem cultural endógenos. Daí que muito do que pode afetar o desenvolvimento de uma região pode não ser influenciável pelo capital social desta região. Também se discute possíveis consequências destes limites para regiões mais necessitadas de desenvolvimento.
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