Uma visão retrospectiva do processo migratório de haitianos para o Brasil, que inicia após o terremoto no Haiti, em 2010, revela que entre os primeiros imigrantes que escolheram o Brasil como destino de migração, a participação masculina era dominante. Mas, à medida que este processo avança, a presença feminina aumenta. Na análise do processo, percebe-se que o significado do projeto migratório muda conforme o gênero. Da ótica feminina destaca-se a migração como um projeto familiar, que envolve tanto os membros da família que ficam quanto os que partem. Elas aspiram arrumar emprego e ter renda suficiente para estar no Brasil e enviar dinheiro para a família no Haiti. Nesse sentido, nos propomos a tratar acerca do protagonismo feminino na migração haitiana no Brasil, construído em diálogo com material etnográfico produzido no estudo de trajetórias de vida de mulheres haitianas que se encontram no Vale de Taquari, Rio Grande do Sul.