AGROECOLOGIA ENQUANTO MECANISMO DE RETERRITORIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: ESTUDOS DE CASO EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA E ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES AGROECOLOGISTAS

Daniela Oliveira, Anelise Graciele Rambo, Lisane Carvalho

Resumo


Este trabalho analisa dois processos de reterritorialização a partir da agroecologia, quais sejam: em assentamentos de reforma agrária no Paraná e entre agricultores familiares na Serra do Rio Grande do Sul. Entendemos que a modernização da agricultura foi capaz de ativar processos de desterritorialização no meio rural, principalmente entre agricultores familiares, proprietários de mini e pequenas propriedades rurais. Isso ocorreu a partir da expropriação de suas terras, por um lado, e, por outro, pela desconexão da agricultura com o trabalho, com a natureza e com os recursos locais, decorrente da adoção dos pacotes tecnológicos. Defende-se que as experiências agroecológicas implementadas pelos agricultores familiares são representativas de um processo de reterritorialização, reforçando o poder destes agricultores sobre seu território. Metodologicamente, trata-se de dois estudos de caso: um decorrente de uma pesquisa de doutoramento já concluída e outro, de uma pesquisa de mestrado ainda em andamento. Foram realizadas entrevistas qualitativas semi-estruturadas com agricultores e lideranças. Enquanto resultados, podemos apontar que as referidas práticas têm contribuído para o processo de reterritorialização dos agricultores familiares. No Paraná, observa-se a construção de uma consciência socioambiental para um manejo mais sustentável do solo; para o aumento da agrobiodiversidade, melhora da saúde, da renda bem como de um maior acesso à canais de comercialização. No caso do Rio Grande do Sul, a expansão da rede de agroecologia indica que este processo é, por um lado, tributário da ação social dos agricultores e suas organizações, que foram capazes de construir interfaces com outros atores, criando dinâmicas territoriais, expressas, por exemplo, pelos circuitos comerciais para os produtos ecológicos, sem perder singularidades e características locais.


Texto completo:

Artigo

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2447-4622