AGROECOLOGIA ENQUANTO MECANISMO DE RETERRITORIALIZAÇÃO DA AGRICULTURA FAMILIAR: ESTUDOS DE CASO EM ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA E ENTRE AGRICULTORES FAMILIARES AGROECOLOGISTAS

Autores

  • Daniela Oliveira UFRGS
  • Anelise Graciele Rambo UFRGS
  • Lisane Carvalho UFFS

Resumo

Este trabalho analisa dois processos de reterritorialização a partir da agroecologia, quais sejam: em assentamentos de reforma agrária no Paraná e entre agricultores familiares na Serra do Rio Grande do Sul. Entendemos que a modernização da agricultura foi capaz de ativar processos de desterritorialização no meio rural, principalmente entre agricultores familiares, proprietários de mini e pequenas propriedades rurais. Isso ocorreu a partir da expropriação de suas terras, por um lado, e, por outro, pela desconexão da agricultura com o trabalho, com a natureza e com os recursos locais, decorrente da adoção dos pacotes tecnológicos. Defende-se que as experiências agroecológicas implementadas pelos agricultores familiares são representativas de um processo de reterritorialização, reforçando o poder destes agricultores sobre seu território. Metodologicamente, trata-se de dois estudos de caso: um decorrente de uma pesquisa de doutoramento já concluída e outro, de uma pesquisa de mestrado ainda em andamento. Foram realizadas entrevistas qualitativas semi-estruturadas com agricultores e lideranças. Enquanto resultados, podemos apontar que as referidas práticas têm contribuído para o processo de reterritorialização dos agricultores familiares. No Paraná, observa-se a construção de uma consciência socioambiental para um manejo mais sustentável do solo; para o aumento da agrobiodiversidade, melhora da saúde, da renda bem como de um maior acesso à canais de comercialização. No caso do Rio Grande do Sul, a expansão da rede de agroecologia indica que este processo é, por um lado, tributário da ação social dos agricultores e suas organizações, que foram capazes de construir interfaces com outros atores, criando dinâmicas territoriais, expressas, por exemplo, pelos circuitos comerciais para os produtos ecológicos, sem perder singularidades e características locais.

Biografia do Autor

  • Daniela Oliveira, UFRGS
    Professora-pesquisadora da UFRGS/Departamento Interdisciplinar. Possui graduação em Agronomia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1999). Mestre (2007) e doutora (2014) em Desenvolvimento Rural pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Rural, UFRGS, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Já atuou como docente no Curso de Graduação Tecnológica em Desenvolvimento Rural, na modalidade EAD e no Curso de Agente de Desenvolvimento Cooperativista, oferecido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, através do Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. Além da experiência acadêmica tem experiência na (a) área de agronomia, com ênfase em agroecologia e (b) em projetos/estudos/pesquisas em Desenvolvimento Rural. Esta experiência vem sendo obtida através de atuação junto à organizações não governamentais (ONGs), à organizações da agricultura familiar no Sul do Brasil e à consultorias para governos. Faz parte do grupo de pesquisa GEPAD (Grupo de Pesquisa em Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural), sediado no Programa de pós Graduação em Desenvolvimento Rural da UFRGS. Foi membro do Projeto IPODE - Inovação, Poder e Desenvolvimento em Áreas Rurais do Brasil: Um estudo comparativo Sul-Nordeste. É membro do Projeto: Agroecologia, políticas públicas e transições sociotécnicas: ampliação de escala de redes territoriais voltadas à promoção de uma agricultura de base ecológica (FAPERJ/CNPq). Atualmente exerce o cargo de Diretora de Projetos na Prefeitura Municipal de Antônio Prado/RS.
  • Anelise Graciele Rambo, UFRGS
    Docente do Departamento Interdisciplinar da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Possui Doutorado em Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - PGDR/UFRGS (2011); Mestrado em Geografia também pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS (2006) e Graduação em Geografia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUI (2003). Tem experiência na área de Geografia Humana e Desenvolvimento Rural, atuando principalmente nos seguintes temas: território, desenvolvimento territorial, agricultura familiar, escalas geográficas, políticas públicas.
  • Lisane Carvalho, UFFS
    É mestranda em Agroecologia e Desenvolvimento Rural pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), no campus de Laranjeiras do Sul (PR). Possui Graduação em geografia (licenciatura e bacharelado) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho - Presidente Prudente (2011). É especialista em Educação do Campo pelo Instituto de Estudos Avançados e Pós Graduação UNIVALE- Faculdade Integrada do Vale do Ivaí. Atualmente é contratada do Centro de Desenvolvimento Sustentável e Capacitação em Agroecologia - CEAGRO, como Gerente de Serviços Sociais. Temas de interesse em pesquisa: Educação do campo, Questão agrária, Desenvolvimento Sustentável, Economia Solidaria, Soberania alimentar e Agroecologia.

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Publicado

2017-10-10

Edição

Seção

VIII SIDR - Eixo 4 - Redes de Cooperação, Arranjos Produtivos e Desenvolvimento Regional