O KOCHKÄSE E SUA CONSTRUÇÃO COMO PATRIMÔNIO CULTURAL DE NATUREZA IMATERIAL

Nelita Fabiana Moratelli, Viviane Kraieski Assunção

Resumo


Este trabalho de pesquisa qualitativa procurou dar visibilidade ao tipo de agricultura desenvolvido atualmente na região do Médio Vale do Itajaí, caracterizada pela presença de sistemas agroalimentares locais, onde predomina o cultivo de vegetais perenes, chamados capineiras como exemplo a cana-de-açucar, o gramão, o capim elefante, e tubérculos como o inhame, o taiá, a batata-doce, o cará e a mandioca. Estes cultivos apresentam-se bem adaptados às condições de clima e solo e são destinados para alimentação de animais diversos, como bovinos, suínos e aves, todos em pequena escala de produção. Este tipo de  agricultura enfrenta a polarização com um modelo de agricultura cada vez mais produtivista, porém com limitações em função do seu alto custo energético, perda da agrobiodiversidade e, sobretudo, dependente das negociações mundiais. A pesquisa buscou, mesmo que em uma discussão embrionária, relatar alguns dos conflitos entre especialistas e leigos na avaliação do kochkäse como alimento seguro. O queijo kochkäse é, no Médio Vale do Itajaí, o fio condutor dessa discussão entre a produção de alimentos tradicionais, por vezes denominados artesanais, e a produção de alimentos inspecionados. O pedido de Registro no Livro dos Saberes do IPHAN do kochkäse como Bem Cultural de Natureza Imaterial é uma reinvindicação da comunidade e aguarda deferimento. Refletimos sobre a contribuição do conceito de violência simbólica, proposto por Pierre Bourdieu com o objetivo de descortinar estigmas e reducionismos inculcados nas relações entre agricultores e especialistas. Este estudo aponta para a reflexão de que o conceito de alimento seguro neste tipo de produção tradicional está permeado pela violência simbólica, pois as regras do fazer são referendadas apenas pelo saber do especialista.


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ISSN 2447-4622