TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA E DESENVOLVIMENTO DO TERRITÓRIO REGIONAL: da mudança tecnológica a uma nova rede sóciotécnica em Ipê e Antônio Prado Prado/RS.

DANIELA OLIVEIRA

Resumo


Este artigo faz uma análise do processo de transição agroecológica na agricultura de Ipê e Antônio Prado no RS e da construção da rede de agroecologia a qual se vincula a novos processos de desenvolvimento do território regional. Entende-se que o processo de transição agroecológica ocorre a partir da produção de inovações sóciotécnicas que extrapolam os limites do manejo dos agroecossistemas e exigem mudanças coordenadas em aspectos econômicos, sociais, ecológicos, políticos e culturais relacionados a produção e ao consumo de alimentos. Esta perspectiva aproxima-se de uma perspectiva de desenvolvimento regional, que destaca as relações entre territórios e redes. Trata-se de um estudo de caso decorrente de uma pesquisa de doutoramento realizada em 2012-2013 e atualizada em 2017-2018, entre agricultores ecologistas destes municípios a partir de 35 entrevistas semi-estruturadas. Pôde-se observar que, a partir do momento em que as famílias optam pela agricultura sem agroquímicos, a qual é chamada, localmente, de agricultura ecológica, e que passam a comercializar os produtos desta agricultura numa feira em Porto Alegre, tem início um processo de mudanças, encadeadas e correlacionadas. Este caráter multidimensional das mudanças ocorridas permite o delineamento de uma nova rede sociotécnica, a qual vem sustentando o processo contínuo de transição agroecológica e possibilitando novas perspectivas para o desenvolvimento do território regional. Na relação entre transição agroecológica e desenvolvimento do território regional destaca-se o fato de que a produção de suco de uva integral orgânico, a qual foi desenvolvida no âmbito da rede de agroecologia, hoje é uma atividade que se estende à cadeia da uva e do vinho em geral, num contexto de crise e de busca de novos caminhos para a vitivinicultura da região.

Palavras-chave: Agroecologia. Transição. Redes.


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ISSN 2447-4622