OPÇÕES PELAS EPISTEMOLOGIAS DO SUL: A TRILHA ENTRE RONDON E FLORESTANIA
Resumo
No presente ensaio refletimos a oposição entre duas concepções de desenvolvimento para a Amazônia Ocidental que marcaram o Século XX: a Marcha para o Oeste, iniciada no Governo Vargas e, noutra perspectiva, a proposta da Província de Rondônia, formulada a partir da práxis da Comissão Rondon. A partir da noção de Sociologia das Ausências, formulada por Boaventura Santos, se esboça a seguinte questão: como combater as linhas abissais usando instrumentos conceituais e políticos que não as reproduzam? As políticas de desenvolvimento regional iniciadas por Vargas tinham por objetivo colonizar o território considerado vazio. Rondon, por sua vez, organizou entre Cuiabá e o Acre uma linha de comunicação física e imaginária para promover a inclusão social dos “trabalhadores nacionais” na jovem república, sem implicar em genocídio indígena. Argumentamos que a concepção desenvolvida por Rondon foi coroada pela estratégia da Florestania, estabelecida pelos Povos da Floresta como política regional nas últimas duas décadas. Debatemos a hipótese de que Rondon, Roquette-Pinto, Chico Mendes e Mary Allegretti, intelectuais periféricos do pensamento fronteiriço, buscavam superar o racismo estrutural do não-reconhecimento da humanidade dos Povos da Floresta, incrementado pela linha abissal dos traçados viários dos governos Vargas, Kubitscheck e do Regime Militar.
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