ASPECTOS DA TRADIÇÃO SOCIOCULTURAL, ORGANIZAÇÕES COOPERATIVAS E SUCESSÃO GERACIONAL NA AGRICULTURA FAMILIAR DA REGIÃO DA MISSÕES/RS/BR

Livio Osvaldo Arenhart

Resumo


Dentre um grupo de categorias contidas no material colhido mediante entrevistas com agricultores(as) familiares da região das Missões/RS/BR sobre possíveis ações de suas pequenas cooperativas, pertinentes à problemática da sucessão geracional, escolheu-se a categoria da conexão entre as práticas associativas/cooperativas e a produção sociocultural dos(das) associados(as), em consonância com a percepção dos(as) participantes da pesquisa. O procedimento interpretativo adotado é a Análise Textual Discursiva e a abordagem teórico-metodológica seguida é a modulação moriniana da dialética. O objetivo do artigo é explicitar os padrões conservadores e inovadores da interpretação simbólico-cultural dos(das) agricultores(as) familiares, engajados(as) em práticas cooperativas, a respeito da sucessão familiar, buscando indícios de influências do engajamento associativo/cooperativo sobre esses padrões interpretativos. Apurou-se que esse engajamento, que já resulta de um capital sociocultural favorável à sucessão, gera um capital econômico, social e cultural que, recursivamente, favorece a predisposição à manutenção dos jovens nos empreendimentos da família agricultora, mas não reverte os efeitos negativos da cultura patriarcal sobre a predisposição das moças de abandonarem suas famílias rurais em busca de carreiras estudantis e profissionais no espaço urbano. A dobradiça capitalismo e patriarcalismo se concretiza na forma ambígua de capitalização da propriedade rural e de recusa das mulheres a repetirem o padrão da relação de gênero que, historicamente, determinou a estrutura socioeconômica da agricultura familiar. Afora essa contradição sem perspectiva de solução, famílias dialógicas e organizações cooperativas geram capital econômico, social e cultural propício à continuidade dos empreendimentos agropecuários e agroindustriais. O texto omite tratar da contribuição do Estado para isso. 


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ISSN 2447-4622