MEDIAÇÃO SOCIAL COM IDENTIDADES QUILOMBOLAS: A PERSPECTIVA INTERCULTURAL E SIMÉTRICA
Resumo
Nas últimas décadas, a interculturalidade vem se apresentando enquanto uma noção em construção, que busca a superação de conflitos através da proposta de um diálogo fecundo e mutuamente enriquecedor entre culturas diversas. O diálogo intercultural se estabelece em condições ou busca por simetria, mesmo que atravessado por conflitos e relações de poder, buscando romper a hegemonia das representações dominantes e possibilitar expressões para as identidades tradicionalmente excluídas. O objetivo deste estudo é analisar processos de mediação social com identidades quilombolas, a partir da perspectiva intercultural e simétrica, buscando compreender de que modo o complexo contexto intercultural vivenciado na Comunidade Quilombola de Júlio Borges (Salto do Jacuí, RS) interfere nos processos de mediação que diferentes instituições têm exercido. Recorremos a técnicas de pesquisa qualitativa, como a abordagem etnográfica e entrevistas, conjecturando principalmente com base na acumulação de experiências e processos de mediação do NEDET-UFSM. Consideramos que os processos de mediação social tem como principal desafio o diálogo intercultural entre sujeitos de culturas diferentes porque estes não possuem os mesmos códigos para se comunicar. A multiplicidade de práticas discursivas e não discursivas, se expressam pragmaticamente nos projetos e processos de mediação que as diferentes instituições têm exercido, e demonstram a necessidade de diálogo atento entre as instituições e os atores. Assim, em contexto sócio histórico que considera comunidades tradicionais como obstáculo para o progresso é crucial pensar propostas de reconhecimento e inclusão socioprodutiva conjuntamente aos atores que vivenciam esses contextos interculturais cotidianamente, levando em consideração as identidades e especificidades socioterritoriais desses grupos.
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