Este artigo propõe uma discussão inicial sobre os nexos existentes entre migrações, desenvolvimento e políticas de integração local de imigrantes e refugiados. Os fluxos migratórios e o estabelecimento de imigrantes em uma determinada região levam ao surgimento de novas e complexas relações socioespaciais, particularmente nos territórios de destino, ao que instituições internacionais respondem com a apresentação de modelos de integração de imigrantes e refugiados pensados sob a ótica do Norte Global, tais como o programa Cidades Solidárias, do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). Esses modelos, no entanto, podem levar à desestabilização das perspectivas e possibilidades de desenvolvimento nesses territórios, questão sobre a qual este trabalho busca lançar algumas luzes iniciais. Trata-se de uma pesquisa exploratória, com uso de dados secundários e fontes documentais, versando sobre territórios urbanos latino-americanos marcados por fluxos migratórios que ocorrem do Sul para o Sul (Global). Optou-se por estudar em maior profundidade o caso brasileiro, a partir do "I Relatório Cidades Solidárias Brasil: proteção e integração de pessoas refugiadas no plano local" (ACNUR, 2022). Pode-se verificar, com o estudo, que diversos municípios brasileiros aderiram ao programa, em uma sinalização de alinhamento com as expectativas nacionais e internacionais para a integração local de imigrantes e refugiados. A continuidade da pesquisa é necessária, no entanto, para que se possa averiguar se as intersubjetividades presentes na noção de solidariedade regional na América Latina podem constituir um contraponto ao discurso dominante, a partir da escuta de imigrantes e refugiados e de suas comunidades de acolhida.