O ciclo das políticas públicas constitui uma abordagem relevante desenvolvida pela ciência política para explicar as decisões políticas em fases sucessivas, levando em conta suas interrelações com o ambiente social e as dinâmicas internas do sistema político. Essa abordagem permite entender a conexão entre as (in)decisões governamentais com as pressões de grupos, movimentos e setores da sociedade, e favorece a compreensão de que êxitos e falhas das políticas não são fruto nem de voluntarismo nem de acaso. Lidas à luz do ciclo, as políticas climáticas se desenrolam sob o pano de fundo do capitalismo de consumo, marcado por um complexo entrecruzamento de agentes e forças. A origem do ciclo está nas primeiras décadas do do Século 19, quando a ciência climática começa a explicar as origens antrópicas do efeito estufa. Nas últimas décadas do Século 20, o aquecimento global se constitui como problema político, sendo inserido na agenda política internacional e deflagrando um leque multifacetado de políticas nos diversos continentes. Mas, as políticas climáticas não se orientam por uma lógica científica e sim pela lógica da política, com o costumeiro entrecruzamento de ações e interesses particularistas e contraditórios. Até o momento, as forças de conservação do modelo econômico capitalista orientado pelo objetivo do crescimento econômico infinito vêm sendo hegemônicas e inviabilizam políticas climáticas com potência suficiente para frear o aquecimento global. A técnica de pesquisa é bibliográfica.