ENTRE FRONTEIRAS E EXCLUSÕES: A LUTA PELA INCLUSÃO DE MIGRANTES VENEZUELANOS NO BRASIL À LUZ DA HISTÓRIA DA ESCRAVIDÃO E DA MARGINALIZAÇÃO SOCIAL
Resumo
O artigo analisa a situação recente dos migrantes venezuelanos no Brasil, destacando os desafios de inclusão e as semelhanças com a história da escravidão e da marginalização social enfrentada por outros grupos no país. Desde 2018, o Brasil tem recebido um grande fluxo de migrantes devido à crise humanitária na Venezuela, e, apesar das políticas de inclusão implementadas pelo Estado e organismos internacionais, muitos migrantes ainda enfrentam exclusão social, dificuldades no acesso ao mercado de trabalho e discriminação. A obra de Gilberto Freyre (2006) é aqui utilizada para refletir sobre as dinâmicas de exclusão social na formação da sociedade brasileira, comparando a marginalização dos migrantes venezuelanos à dos negros durante a escravidão. A resistência histórica dos escravizados e a criação de redes de apoio pelas mulheres migrantes venezuelanas são ressaltadas como formas de enfrentamento à opressão. O texto conclui que, embora as condições atuais sejam diferentes, os migrantes enfrentam processos de marginalização semelhantes aos vividos pelos escravizados, apontando a necessidade de políticas públicas que promovam uma verdadeira inclusão social e combatam as desigualdades estruturais no Brasil. Por outro lado, Freyre (2006) via a cultura brasileira como produto de uma convivência entre diferentes povos, que, com o tempo, se amalgamaram num "complexo cultural". Em sua ótica, os estrangeiros poderiam ser absorvidos pela cultura nacional. A ideia de uma cultura nacional que assimila o “outro” contrasta com a realidade contemporânea em que o migrante, em especial o pobre e racializado, é marginalizado, o que indica limites na visão integradora de Freyre.