IMPLICAÇÕES SOCIAIS E FISIOTERAPÊUTICAS NO TRATAMENTO DO PACIENTE DPOC: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Marciele Silveira Hopp, Kelly Wollenhaupt, Carlos Stavizki Junior, Bárbara da Costa Flores, Claudia Turra Rossato

Resumo


Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é caracterizada pela obstrução ao fluxo aéreo e apresenta caráter progressivo, ocasionando aumento da dispneia e intolerância ao exercício, gerando um impacto negativo na qualidade de vida do sujeito. A exacerbação da doença, conhecida como agudização dos sintomas respiratórios, leva os pacientes a procurarem serviços de urgência e emergência, podendo evoluir para a internação hospitalar. Além das consequências clínicas, a doença causa incapacidade laboral, condicionando os pacientes, em alguns casos, a dependência física e financeira de familiares, situações essas que podem desencadear sintomas psicossociais, como a depressão e ansiedade além das vulnerabilidades sociais. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Hospital Santa Cruz (HSC) das áreas de Serviço Social e Fisioterapia com paciente portador de DPOC atendido no Serviço de Emergência do HSC. Método: Estudo qualitativo exploratório descritivo com relato de caso, realizado através de consulta em prontuário e revisão da literatura. Resultados: Paciente A. S., sexo masculino, 57 anos, DPOC GOLD IV, diagnosticado há 5 anos, em uso regular de medicação broncodilatadora e O2 domiciliar. Permaneceu internado na emergência do HSC entre abril e maio de 2018 por exacerbação da doença.  Durante o período de internação manteve-se ventilando com O2 suplementar por óculo nasal 2 l/min, com presença de esforço respiratório e queixa de dispneia. Como parte da assistência fisioterapêutica prestada ao paciente, foram utilizados os recursos de VNI, modo BiPAP, alongamento da musculatura acessória da respiração, apoio diafragmático e terapia expiratória máxima passiva (TEMP) com o objetivo de melhorar a ventilação pulmonar. Devido ao contexto social e as condições nutricionais precárias percebidas pela equipe de saúde, foram realizados encaminhamentos para rede socioassistencial e de saúde do município de origem, visando garantir alimentação, acesso a medicamentos e adequações de sua moradia. O caso passou a ser monitorado pelo Programa Melhor em Casa, da Sec. Municipal de Saúde. Discussão: A garantia de um tratamento adequado, está condicionado as condições sociais e de cuidado do paciente. No caso do paciente A.S., estas condições estavam sendo subdesenvolvidas, devido à falta de renda e conflitos familiares, que ocasionavam em um processo de negligência, abandono e violência. A reabilitação pulmonar tem como objetivo aliviar os sintomas da DPOC, aumentar a habilidade funcional e melhorar a qualidade de vida, enquanto o uso do oxigênio (O2) domiciliar favorece as realizações de exercícios e de atividades de vida diária. O Sr. A.S. carecia de cuidados diários, pois sua condição clínica debilitou seu corpo, ao ponto de ser necessário auxílio para as atividades mais básicas de vida. Considerações finais: A equipe de saúde, ao lidar com casos graves, onde a adesão ao tratamento é fundamental, precisa atentar-se para as demandas extra hospitalares, onde a vulnerabilidade social, pode tornar-se barreira a recuperação da saúde. Foi necessário realizar, durante o processo de internação, diversas abordagens com familiares e contatos com a rede de saúde, afim de garantir os mínimos direitos sociais do paciente. O núcleo familiar recebeu suporte técnico da equipe do HSC para adquirir o oxigênio domiciliar, benefícios eventuais e solicitar o Benefício de Prestação Continuada. 

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