ACOLHIMENTO AO ÓBITO E AO PROCESSO DE LUTO NO CONTEXTO HOSPITALAR

Mariluza Sott Bender, Juliana Rohde, Valéria Nicolini, Rayssa Becchi dos Santos, Aline Badch Rosa

Resumo


Introdução: O processo de adoecimento e hospitalização muitas vezes faz com que os indivíduos e suas famílias se deparem com a questão da terminalidade humana. Apesar da morte ser inerente ao ser humano, traz consigo diferentes significados, associações, fantasias e eufemismos. Assim, apesar do hospital representar o conhecimento necessário para a cura e o prolongamento da vida, também passa a ser o cenário em que o processo de morte se desenrola. Nesse contexto, a inserção do psicólogo permite o acompanhamento e acolhimento das famílias em casos de pacientes com diagnósticos reservados ou óbito. Metodologia: Trabalho de cunho qualitativo e descritivo, com base na experiência de psicólogas residentes de um hospital de ensino do interior do Rio Grande do Sul (RS), Brasil. Resultados e discussão: No referido hospital, o acolhimento ao óbito é realizado por Psicólogas clínicas hospitalares e Psicólogas residentes do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde. De janeiro a julho de 2019 foram recebidas 25 solicitações para acolhimento ao óbito e 61 solicitações para acompanhamento de pacientes e seus familiares em situações de: cuidados paliativos; mau prognóstico;quadro crítico; diagnóstico terminal ou prognóstico reservado, cujo desfecho provável era o óbito. Os acolhimentos acontecem em casos já acompanhados pela Psicologia ou quando a equipe assistencial entende que a escuta psicológica auxiliará no alívio da angústia e na condução das demandas suscitadas pela notíciada morte. No ambiente hospitalar a morte de pessoas gravemente enfermas ou com doenças progressivas pode ser considerada previsível, de forma que o psicólogo consegue trabalhar a expressão dos sentimentos e o enfrentamento da morte, incentivando os familiares aos rituais de despedida. Este preparo psicológico não é possível nas situações de morte súbita ou inesperada, apesar de se proporcionar igual acolhimento ao luto frente às reações emocionais iniciais, que comumente permeiam um estado de choque e de negação da realidade. Entende-se o luto como um conjunto de reações normativas e esperadas, desencadeadas pelo rompimento de um vínculo afetivo, que ocorre de forma pessoal e singular, dependendo das circunstâncias da morte, da natureza da relação com a pessoa que morreu, entre outros. Apesar das fases do luto ajudarem as pessoas a encontrar um sentido para a sua experiência, não é possível afirmar com precisão sua sequência, pois há um repertório amplo de respostas que podem ou não ser vivenciadas diante da perda. Ainda assim, há necessidade de compreensão do luto como um processo, que deve ser vivenciado pelo enlutado a fim de permiti-lo reinvestir na vida. Consideraçõesfinais: O ser humano luta incessantemente para tardar o fim da vida, sendo este processo de finitude um momento de reflexão sobre a visão que possui do mundo eseu significado diante da vida. Assim, o acompanhamento psicológico deve priorizar a expressão dos sentimentos pela família enlutada, possibilitando os rituais dedespedida como importantes ferramentas para a elaboração do luto e ressignificação da vida mediante a perda sofrida. Ademais, a vivência do luto é potencializadora de crises emocionais, e o acompanhamento durante esse processo pode contribuir na identificação e prevenção do luto complicado e as possíveis consequências físicas e emocionais, possibilitando o encaminhamento para acompanhamento continuado na rede assistencial sempre que necessário.

Palavras-chave: Acolhimento. Óbito. Hospital. Psicologia.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.