DISTOPIAS CRIMINAIS: DESNATURALIZANDO A LÓGICA NEOLIBERAL-RELIGIOSA DO EMPREENDEDOR DE SI

Autores

Palavras-chave:

Prisões. Trabalho. Capitalismo.

Resumo

Esse artigo formaliza em conceitos e linhas de arguição articuladas sobre eventos do nosso cotidiano contemporâneo, os resultados analíticos produzidos por meio de uma narrativa ficção sobre as articulações existentes entre as lógicas do empreendedorismo, do crime e da religiosidade em seu atravessamento por um dispositivo necropolítico colonial. A ficção operou tal análise com uma redução ao absurdo: colapsando as lógicas que buscam cindir o mundo entre “vagabundos” e “cidadãos de bem”. O racismo estrutural e o estigma da periculosidade criam a figura do “vagabundo” como par oposto ao trabalhador, por uma sobreposição de camadas discursivas e imagéticas que criminaliza, encarcera e extermina juventudes negras periféricas em nome da manutenção dos privilégios da branquitude. O sistema penal brasileiro é racista e classista, perpetuando a lógica moderno-colonial que entra para elaboração das políticas de segurança pública. Colapsando essa racionalidade, compreendemos que o crime organizado não funciona fora da lógica neoliberal, da moral empreendedora e conservadora vigente. A redução ao absurdo nos ajuda a olhar de outra forma para as noções de culpa, mérito e para a própria noção de trabalho, levando-a aos seus limites, transgredindo as fronteiras jurídicas, para visibilizar que ambos comungam de uma rede de valores coloniais: agressividade competitiva, disciplina, obediência à hierarquia e elevação moral. Nesse paradoxo entre a moral do crime organizado e da moralidade conservadora, visibilizamos elementos fundamentais da máquina de subjetivação do nosso tempo.

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Biografia do Autor

Vanessa Branco Cardoso, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Mestra em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bacharel em Psicologia pelo Centro Universitário Metodista - IPA.

Luis Artur Costa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Docente adjunto do Departamento de Psicologia Social e Institucional e do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional (PPGPSI) no Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Doutor pelo Programa de Doutorado Interdisciplinar do PPGIE/UFRGS. Mestre pelo Departamento de Psicologia Social e Institucional da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Bacharel em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2005).

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Publicado

2023-03-29

Como Citar

Cardoso, V. B., & Costa, L. A. (2023). DISTOPIAS CRIMINAIS: DESNATURALIZANDO A LÓGICA NEOLIBERAL-RELIGIOSA DO EMPREENDEDOR DE SI. Barbarói, 62(2). Recuperado de https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/16267