DISTOPIAS CRIMINAIS: DESNATURALIZANDO A LÓGICA NEOLIBERAL-RELIGIOSA DO EMPREENDEDOR DE SI
Palavras-chave:
Prisões. Trabalho. Capitalismo.Resumo
Esse artigo formaliza em conceitos e linhas de arguição articuladas sobre eventos do nosso cotidiano contemporâneo, os resultados analíticos produzidos por meio de uma narrativa ficção sobre as articulações existentes entre as lógicas do empreendedorismo, do crime e da religiosidade em seu atravessamento por um dispositivo necropolítico colonial. A ficção operou tal análise com uma redução ao absurdo: colapsando as lógicas que buscam cindir o mundo entre “vagabundos” e “cidadãos de bem”. O racismo estrutural e o estigma da periculosidade criam a figura do “vagabundo” como par oposto ao trabalhador, por uma sobreposição de camadas discursivas e imagéticas que criminaliza, encarcera e extermina juventudes negras periféricas em nome da manutenção dos privilégios da branquitude. O sistema penal brasileiro é racista e classista, perpetuando a lógica moderno-colonial que entra para elaboração das políticas de segurança pública. Colapsando essa racionalidade, compreendemos que o crime organizado não funciona fora da lógica neoliberal, da moral empreendedora e conservadora vigente. A redução ao absurdo nos ajuda a olhar de outra forma para as noções de culpa, mérito e para a própria noção de trabalho, levando-a aos seus limites, transgredindo as fronteiras jurídicas, para visibilizar que ambos comungam de uma rede de valores coloniais: agressividade competitiva, disciplina, obediência à hierarquia e elevação moral. Nesse paradoxo entre a moral do crime organizado e da moralidade conservadora, visibilizamos elementos fundamentais da máquina de subjetivação do nosso tempo.Downloads
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Publicado
2023-03-29
Como Citar
Cardoso, V. B., & Costa, L. A. (2023). DISTOPIAS CRIMINAIS: DESNATURALIZANDO A LÓGICA NEOLIBERAL-RELIGIOSA DO EMPREENDEDOR DE SI. Barbarói, (62). Recuperado de https://online.unisc.br/seer/index.php/barbaroi/article/view/16267
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Artigos
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