O PAPEL EDUCACIONAL E A COMPLEXIDADE DO TRABALHO REALIZADO PELAS MULHERES NA ESCOLA FAMÍLIA AGRÍCOLA DE SANTA CRUZ DO SUL
Palavras-chave:
Pedagogia da alternância. Mulheres camponesas. Saberes populares. EFASC.Resumo
Este artigo apresenta um recorte do projeto de pesquisa “(Des)colonialidade do ser/poder/saber na Pedagogia da Alternância: sistematização de uma experiência” e tem como objetivo compreender a complexidade do trabalho realizado pelas mulheres dentro das propriedades rurais e o papel educacional desempenhado por elas na Escola Família Agrícola de Santa Cruz do Sul (EFASC). Trata-se de uma pesquisa qualitativa que coloca em relevo a participação das mulheres na Pedagogia da Alternância. Para tanto, foram analisadas entrevistas realizadas com mulheres que possuem vínculo com a EFASC, em um contexto de tese de doutorado relacionada ao projeto. Como orientação teórico-epistemológica, tomamos o princípio da educação popular e da educação do campo como fundamentos, compreendendo melhor o processo pedagógico da escola e a importância do conhecimento e do trabalho desempenhado pelas agricultoras para garantir que a alternância aconteça. As análises possibilitaram compreender que os conhecimentos das mulheres não se limitam ao trabalho doméstico e dos cuidados, elas também desempenham um papel educacional com a construção e transmissão de conhecimentos a partir de saberes populares e para a manutenção da sobrevivência da família e da comunidade. Outra questão observada, refere-se à transitividade da consciência na relação entre educação e o trabalho no processo da pedagogia da alternância. Além disso, compreendemos que durante a troca e construção de saberes dentro das propriedades rurais, os conhecimentos transmitidos para os jovens e para as jovens são diferenciados, conservando ou desconstruindo papéis sociais esperados para o conjunto de educandos/as na pedagogia dominante.