Narrativas de Egressos da Prisão e Discursos Midiáticos Sobre Criminalidade
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v2i2.11799Palavras-chave:
Criminalidade, Mídia, Produção de Subjetividade, Práticas de LiberdadeResumo
Este artigo discute a produção de subjetividade de pessoas que passaram por experiência de prisão, considerando os discursos midiáticos sobre a criminalidade. A pesquisa se justifica pela necessidade de pensar o trabalho da Psicologia junto à população encarcerada, colocando questões para os desafios que a complexidade do aprisionamento apresenta. A metodologia aplicada foi a roda de conversa realizada com um grupo voluntário de homens egressos do sistema prisional, na qual foram disparadores os conteúdos midiáticos escolhidos pelos participantes. Dentre os objetivos, buscou-se entender os efeitos subjetivos destes discursos nas pessoas que vivem esta realidade com seus desdobramentos penais e sociais, conhecer a maneira como resistem ou reproduzem valores e significados e, também, propiciar espaço de narrativas e de interação entre os participantes, valorizando o compartilhamento de opiniões e ideias. Analisamos os aspectos discutidos nas rodas de conversa que ora se relacionam com a reprodução da exclusão social, ora com crítica e resistência à identidade criminosa. Estas questões foram desenvolvidas em tópicos sobre a criminalização da pobreza e o resgate da cidadania que compreendem o conjunto dos temas debatidos e associados aos conteúdos midiáticos. Entendemos que a relação saber-poder que circula nos discursos, funcionando como um processo permanente de modelização da vida, é significativa na produção de subjetividade. E por fim, em contraponto a isso, concluímos sinalizando para práticas de liberdade exercitadas em espaços de reflexão e de narração de si, como modo de ruptura de identidades marginalizadas, resistência aos processos de exclusão social e possibilidade de criar diferentes caminhos.
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