Gênero e violência para mulheres vítimas de relacionamentos abusivos: investigando representações sociais
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v8i1.18357Palavras-chave:
violência contra a mulher, violência psicológica, gênero, representações sociaisResumo
A pesquisa objetivou investigar representações sociais (RS) de gênero e de violência contra a mulher, com foco na violência psicológica, entre mulheres que vivenciaram e/ou vivenciam um relacionamento abusivo, bem como estratégias de enfrentamento por elas empregadas. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 16 participantes com idades entre 20 e 47 anos, contatadas por meio de páginas do Instagram que tratavam sobre a temática aqui abordada. A análise foi realizada com o auxílio do software Iramuteq, e optou-se por utilizar a Classificação Hierárquica Descendente, que dividiu o corpus em quatro classes de segmentos de textos (ST) a partir do vocabulário empregado. Os resultados revelaram conteúdos de RS de gênero e de violência contra a mulher ancorados em aspectos socioculturais, destacando diferenças de poder existente entre os gêneros na sociedade. No que diz respeito à violência psicológica, as entrevistadas mencionaram práticas que a caracterizavam, tais como ameaças, perseguições, manipulações e chantagens, por exemplo. As estratégias de enfrentamento frente ao contexto de violência foram diversas, indo desde estratégias individuais até a busca por suporte social e/ou profissional. Destaca-se, por fim, a dificuldade de identificação e abordagem da violência psicológica, o que pode contribuir para que mulheres permaneçam por muito tempo em relacionamentos nesses moldes.
Downloads
Referências
Almeida, A. M. O., Santos, M. F. S, & Trindade, Z. A. (2014). Ancoragem: notas sobre consensos e dissensos. In Almeida, A. M. O., Santos, M. F. S., & Trindade, Z. A. (Orgs.). Teoria das Representações Sociais: 50 anos (p. 101 – 122). TechnoPolitik
Barretto, R. S. (2018). Relacionamentos abusivos: uma discussão dos entraves ao ponto final. Revista Gênero, 18(2), 142-154. doi: 10.22409/rg.v18i2.1148
Barros, A. L., & Silva, G. A. G. da. (2019). Feminicídio: o papel da mídia e a culpabilização da vítima. Jornal Eletrônico das Faculdades Integradas Vianna Júnior, 11(2), 302-323. Recuperado de https://jefvj.emnuvens.com.br/jefvj/article/view/729
Barsted, L. L. (2016). O feminismo e o enfrentamento da violência contra as mulheres no Brasil. In Sanderberg, C. M. B., & Tavares, M. S. Violência de gênero contra mulheres: suas diferentes faces e estratégias de enfrentamento e monitoramento (pp. 17-40). Salvador: EDUFBA.
Beccheri-Cortez, M., & Souza, L. (2013). Mulheres de classe média, relações de gênero e violência conjugal: um estudo exploratório. Revista Gerencia y Políticas de Salud, 12(24), 34-53. Recuperado de http://www.scielo.org.co/pdf/rgps/v12n24/v12n24a03.pdf
Bertoni, L. M., & Galinkin, (2017). A. L. Teoria e métodos em representações sociais. In Mororó, L. P., Couto, M. E. S., and Assis, R. A. M. (Orgs.). Notas teórico-metodológicas de pesquisas em educação: concepções e trajetórias (pp. 101-122). Ilhéus, BA: Editus. doi: 10.7476/9788574554938.005.
Brasil (2006). Lei n. 11.340/2006. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/ ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm
Brum, R. R., Pereira, C. R. R., Rodrigues, T. P., & Santos, A. N. dos S. (2021). Transgeracionalidade e violência: um estudo com mulheres vítimas de relações conjugais violentas. Psicol. Pesq., 15, 1-28. doi.: 10.34019/1982-1247. 2021.v15.31206
Camargo, B. V. (2005). Alceste: Um programa informático de análise quantitativa de dados textuais. In Moreira, A.S.P., Camargo, B.V., Jesuíno, J.C. & Nóbrega, S.M. (Org.). Perspectivas teórico-metodológicas em representações sociais (pp. 511-539). João Pessoa: UFPB/Editora Universitária.
Camargo, B. V., & Justo, A. M. (2013). Iramuteq: um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 21(2), 513-518. doi: 10.9788/TP2013.2-16
Cambi, E., & Denora, E. (2017). Tutela Diferenciada dos Direitos das mulheres nas relações domésticas e familiares através da Lei Maria da Penha. Revista de Direito Brasileira, 17(7), 221-244. doi: 10.26668/IndexLawJournals/2358-1352/2017.v17i7.3064
Candido, I. P. M. de B., & Filho, O. de A.V. (2020). Causas de violência doméstica e familiar contra mulheres em Caruaru/PE. Revista Científica do UniRios, 14(25), 366-382. Recuperado de https://www.publicacoes.unirios.edu.br/index.php/revistarios/article/view/178
Cardoso, C. F. (2012). O uso, em história, da noção de representações sociais desenvolvida na psicologia social: um recurso metodológico possível. Psicologia e saber social, 1(1), 40-52. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/psi-sabersocial/article/view/3244
Cerqueira, D., Ferreira, H., Bueno, S., Alves, P. P., Lima, R. S. de, Marques, D., ... Pimentel, A. (2021). Atlas da violência 2021. São Paulo: FBSP. Recuperado de https://www.ipea.gov.br/atlasviolencia/arquivos/artigos/5141-atlasdaviolencia2021completo.pdf
Comissão de defesa dos direitos da mulher. (2018). Mapa da violência contra a mulher. Recuperado de https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-permanentes/comissao-de-defesa-dos-direitos-da-mulher-cmulher/arquivos-de-audio-e-video/MapadaViolenciaatualizado200219.pdf
Conselho Nacional de Saúde (2012). Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Aprova diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, Diário Oficial da União. Recuperado de https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2013/res0466 12 12 2012.html
Cunha, B. de S.; Carmo, L. P. do; Santana, M. de P. S. & Pereira, F. B. (2020). Amores abusivos: o silenciamento da violência nos relacionamentos. Anais do XV Fave – Fórum Acadêmico da Faculdade Vértice-Univértix, Matipó, MG. Recuperado de https://fave.univertix.net/wp-content/uploads/2020/11/R144-AMORES-ABUSIVOS-O-SILENCIAMENTO-DA-VIOLENCIA-NOS-RELACIONAMENTOS-2-1.pdf
Domingues, P. da S., Gomes, A. M. T., & Oliveira, D. C. de. (2016). Representações sociais de homens sobre o ser homem e suas implicações para o HIV/AIDS. Revista Enfermagem UERJ, 24(6), e8779. Recuperado de https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/enfermagemuerj/article/view/8779
Fernandes, G. B., Gaia, V. O., & Assis, C. L. de. (2014). Estratégias de enfrentamento da violência de gênero em mulheres de Ji-Paraná (RO). Mudanças- Psicologia da Saúde, 22(2), 1-14. doi: 10.15603/2176-1019/mud.v22n2p1-14
Flick, U. (2013). Introdução à metodologia da pesquisa: Um guia para iniciantes (M. Lopes Trans.). Penso. (Obra original publicada em 2009)
Fonseca, D. H., Ribeiro, C. G. & Leal, N. S. B. (2012). Violência doméstica contra a mulher: realidades e representações sociais. Psicologia & Sociedade, 24(2), 307-314. doi: 10.1590/S0102-71822012000200008
Fórum Brasileiro de Segurança Pública. (2023). 17º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. São Paulo: FBSP. Recuperado de https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2023/07/anuario-2023.pdf
Gallon, A. A., & Mueller, A. A. (2021). Violência contra a mulher: consequências e políticas de enfrentamento. Humanidades em Perspectivas, 3(7), 20-34. Recuperado de https://www.revistasuninter.com/revista-humanidades/index.php/revista-humanidades/article/view/150
Guimarães, M. C., & Pedroza, R. L. S. (2015). Violência contra a mulher: problematizando definições teóricas, filosóficas e jurídicas. Psicologia & Sociedade, 27(2), 256-266. Epub May 00, 2015.doi: 10.1590/1807-03102015v27n2p256
Jodelet, D. (2001). Representações sociais: Um domínio em expansão. In Jodelet, D. (Org.). As representações sociais (L. Ulup, Trad., pp. 17-44). Rio de Janeiro: EdUERJ.
Lira, K. F. S. (2019). Representação social da violência contra as mulheres: revisão sistemática dos estudos no Brasil. Revista de Psicologia, 10(2), 25-36. Recuperado de http://www.periodicos.ufc.br/psicologiaufc/article/view/32387
Marková, I. (2017). A fabricação da teoria de representações sociais. Cadernos de Pesquisa, 47(163), 358-375. doi: 10.1590/198053143760
Moraes, P. R. de., Souza, I. C. de, Pinto, D. A. de. O., Estevam, S. J., & Munhoz, W.A. (2018). A Teoria das Representações Sociais. Revista em Foco, 8(1), 1-14. Recuperado de https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/06/teoria_representacoes.pdf
Moscovici, S. (2003). Representações sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis: Vozes.
Moscovici, S. (1961/2012). A psicanálise, sua imagem e seu público. Tradução: Sonia Fuhrmann – Petrópolis: Vozes. (Obra original publicada em 1961)
Murta, S. G., & Parada, P. de O. (2021). Término de relacionamentos íntimos violentos: uma revisão de literatura. Psicologia USP, 32, e200046. doi: 10.1590/0103-6564e200046
Nader, M. B., & Caminoti, J. M. (2014). Gênero e poder: a construção da masculinidade e o exercício do poder masculino na esfera doméstica. Anais do XVI Encontro Regional de História da Anpuh-Rio: Saberes e práticas científicas. Recuperado de http://www.encontro2014.rj.anpuh.org/resources/anais/28/1400262820 ARQUIVO Generoepoderaconstrucaodamasculinidadeeoexerciciodopodermasculinonaesferadomestica.pdf
Nascimento, A. R. A., & Menandro, P. R. M. (2006). Análise lexical e análise de conteúdo: uma proposta de utilização conjugada. Estudos e pesquisas em psicologia, 6(2), 72-88. https://www.redalyc.org/pdf/4518/451844612009.pdf
Neto, C. E. de S. & Gurgel, Y. M. P. (2014). A construção do conceito de violência de gênero no direito internacional dos direitos humanos a partir dos institutos da discriminação e da violência sexual contra a mulher. Revista Digital Constituição e Garantia de Direitos, 7(01). Recuperado de https://periodicos.ufrn.br/constituicaoegarantiadedireitos/article/view/5802
Nóbrega, V. K. D. M., Júnior, J. M. P., Nascimento, E. G. C. D., & Miranda, F. A. N. D. (2019). Renúncia, violência e denúncia: representações sociais do homem agressor sob a ótica da mulher agredida. Ciência & Saúde Coletiva, 24, 2659-2666. doi: 10.1590/1413-81232018247.16342017
Pacheco, I. M. (2022). A violência sexual e a cultura de culpabilização da vítima [Trabalho de Conclusão de Curso, UniSosiesc]. Recuperado de https://repositorio.animaeducacao.com.br/handle/ANIMA/26595
Pereira, I. A., & Silva, B. I. da. (2022). A culpabilização da mulher ofendida e a cultura do estupro. Revista Eletrônica de Ciências Jurídicas, 1(1). Recuperado de http://fadipa.educacao.ws/ojs-2.3.3-3/index.php/cjuridicas/article/view/439
Razera, J., Cenzi, C. M. B., & Falcke, D. (2014). Violência Doméstica e Transgeracionalidade Um estudo de caso. Revista de Psicologia da IMED, 6(1), 47-51. doi: 10.18256/2175-5027/psico-imed.v6n1p47-51
Ribeiro, C. G.; & Coutinho, M. da P. de L. (2011) Representações sociais de mulheres vítimas de violência doméstica na cidade de João Pessoa – PB. Revista Psicologia e Saúde, 3(1), 52-59. Recuperado de https://www.pssa.ucdb.br/pssa/article/view/81
Rodrigues, V. P., Machado, J. C., Santos, W. da S., Santos, M. de F. de S., & Diniz, N. M. F. (2016). Violência de gênero: representações sociais de familiares. Texto Contexto Enferm, 25(4), e2770015. doi: 10.1590/0104-07072016002770015
Safranoff, A. (2017). Violencia psicológica hacía la mujer: cuáles son los factores que aumentan el riesgo de que exista esta forma de maltrato em la pareja? Salud colectiva, 13(4), 611-632. doi: 10.18294/sc.2017.1145
Sant’Anna, T. C., & Penso, M. A. (2018). A Transmissão Geracional da Violência na Relação Conjugal. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 33, 1-11. doi: 10.1590/0102.3772e33427
Scott, J. (1988/1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica (G. L. Louro Trans.). Educação & realidade, 20(2), 71-99. (Obra original publicada em 1988). Recuperado de https://www.seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/71721
Serpa, M. G. (2010). Perspectivas sobre Papéis de Gênero Masculino e Feminino: Um relato de experiência com mães de meninas vitimizadas. Psicologia & Sociedade, 22(1), 14-22. doi: 10.1590/S0102-71822010000100003
Siqueira, C., & Rocha, E. S. (2019). Violência Psicológica contra a mulher: Uma análise bibliográfica sobre causa e consequência desse fenômeno. Revista Arquivos Científicos (IMMES), 2(1), 12-23. doi: 10.5935/2595- 4407/rac.immes.v2n1p12-23
Sousa, Y. S. O., Gondim, S. M. G., Carias, I. A., Batista, J. S., & Machado, D. C. M. (2020). O uso do software Iramuteq na análise de dados de entrevistas. Pesquisas e Práticas Psicossociais, 15(2), e3283. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-89082020000200015&lng=pt&tlng=pt
Souza, M. B., & Silva, M. F. S. da. (2019). Estratégias de enfrentamento de mulheres vítimas de violência doméstica: uma revisão de literatura brasileira. Pensando Famílias, 23(1), 153-166. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci abstract&pid=S1679-494X2019000100012
Spink, M. J. P. (1993). O conceito de representação social na abordagem psicossocial. Cadernos de Saúde Pública, 9, 300-308. Recuperado de https://www.scielosp.org/article/ssm/content/raw/?resource_ssm_path=/media/assets/csp/v 9n3/17.pdf
Varela, S. T., Oliveira, N. A. de, Freire, J. N., Ferreira, P. A. R. S. A., Santos, S. O. dos, Díaz-Bermúdez, X. P., & Shimizu, H. E. (2012). Representações sociais acerca da violência doméstica das mulheres moradoras do da comunidade do Paranoá/Itapõa de Brasília-DF. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva, 6(3). doi: 10.18569/tempus.v6i3.1169
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.
