Linguagem verbal no transtorno do espectro autista: estudo de casos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v9i.18596

Palavras-chave:

transtorno do espectro autista, interação social, estudos de linguagem

Resumo

Uma das características centrais na identificação dos casos de TEA é a comunicação peculiar das pessoas diagnosticadas. Os indicadores de linguagem não verbais para o diagnóstico de TEA em crianças tem sido bem documentado nas pesquisas de observação em contextos de interação social. Contudo, há necessidade de se investigar também os aspectos verbais por meio destas metodologias. O objetivo principal deste estudo é identificar as habilidades e os comprometimentos sociopragmáticos na linguagem verbal de uma criança com TEA, em comparação com uma criança sem TEA, no contexto de interação com a mãe. Pretende-se identificar os comportamentos repetitivos e estereotipados na linguagem verbal e no comportamento da criança, além de dificuldades na habilidade de conversação. Como objetivo secundário pretendeu-se avaliar a adequação de um protocolo de observação construído para avaliar os aspectos sociopragmáticos na linguagem verbal de crianças com TEA. Trata-se de um estudo de casos comparativos, de cunho descritivo e exploratório. Participaram deste estudo 2 crianças (uma com diagnóstico de TEA e outra sem TEA), com 5 anos de idade, e suas mães. Os resultados das sessões de observação demonstraram que foi possível identificar comprometimentos sociopragmáticos especificamente na criança com diagnóstico de TEA. O que mais diferenciou os dois casos foi a forma como a criança com TEA interagiu (dificuldades na prosódia e na atenção compartilhada, ausência de relato e presença de expressões estereotipadas e ecolalias) e pela dificuldade de coordenar o olhar com a fala.  O protocolo parece ter cumprido seu objetivo, mas ainda necessita de revisão.

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Biografia do Autor

Camila Rossi, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre - RS / Brasil

Psicóloga pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Mestre em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e especialista em Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Associada ao Instituto Brasileiro de Avaliação Psicológica (IBAP). Atua como psicóloga e acompanhante terapêutica  no atendimento de crianças e adolescentes com TEA e outros transtornos.

Julia Parente, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre - RS / Brasil

Estudante de Psicologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Cleonice Alves Bosa, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre - RS / Brasil

Profa. Titular do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Jerusa Fumagalli de Salles, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre - RS / Brasil

Fonoaudióloga, Mestre e Doutora em Psicologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). É Professora Titular no Departamento de Psicologia do Desenvolvimento e da Personalidade e no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da UFRGS e bolsista de produtividade CNPq. É Coordenadora do Núcleo de Estudos em Neuropsicologia Cognitiva (Neurocog).

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Publicado

2025-01-31

Como Citar

Rossi, C., Parente, J., Bosa, C. A., & Salles, J. F. de. (2025). Linguagem verbal no transtorno do espectro autista: estudo de casos. PSI UNISC, 9, 01-31. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v9i.18596

Edição

Seção

Artigos