Projeto terapêutico singular e cuidado em saúde mental: o que profissionais revelam
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v8i2.19167Palavras-chave:
Atenção primária à saúde, Assistência integral à saúde, Estratégias de saúde nacionais, Psicologia, Saúde mentalResumo
Objetivo deste artigo é compreender a percepção dos profissionais da equipe da Estratégia de Saúde da Família (ESF), a respeito do Projeto Terapêutico Singular (PTS), no trabalho com as demandas de Saúde Mental. Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, tendo como instrumento de coleta de dados a utilização de uma entrevista semiestruturada dispondo de um roteiro flexível. Deste modo, o estudo contou com a participação de 17 profissionais atuantes em duas ESF de um município do interior do Rio Grande do Sul. A análise dos dados foi realizada a partir da técnica de análise de conteúdo. Os resultados evidenciaram que o PTS se encontra distante da realidade das equipes e dos profissionais que integraram o estudo. Desta maneira, estratégias de educação permanente, mostram-se necessárias a fim de possibilitar que os profissionais se apropriem deste dispositivo e venham a utilizar na tentativa de produzir novos movimentos. Ainda, dificuldades como excesso de demandas e o número de profissionais foram aspectos trazidos pelos profissionais. Por outro lado, identificaram-se algumas experiências que sugerem uma prática que contém ainda que de modo subjacente os pressupostos do PTS como, uma prática de cuidado interdisciplinar, acolhedora e integral. Portanto, destaca-se a potencialidade do PTS na gestão do cuidado e efetividade das intervenções, em especial na atenção às demandas de Saúde Mental, sendo esta uma das contribuições do estudo, o qual buscou ampliar a leitura e as práticas em relação a esta estratégia de cuidado, trazendo reflexões a respeito do tema nas equipes que integraram o estudo.
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