INFLUÊNCIA DA SUPLEMENTAÇÃO GESTACIONAL DE FERRO NOS DANOS NO DNA DE CRIANÇAS DE VENÂNCIO AIRES, RS
Resumo
A anemia por deficiência de ferro é a carência nutricional mais comum no mundo, afetando principalmente países em desenvolvimento, mas também países desenvolvidos. Crianças e mulheres em idade fértil, incluídas as gestantes, apresentam um risco maior de desenvolver a doença. Foi adotado pelo Ministério da Saúde em 2005 o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) como estratégia para o controle da anemia no Brasil. Esse programa visa à suplementação diária para gestantes a partir da 20ª semana (60 mg de ferro e 5 mg de ácido fólico). A deficiência de ferro prejudica as rotas biológicas, levando ao estresse oxidativo e possivelmente à carcinogênese. Essa deficiência também está relacionada com a capacidade reduzida de reparação de dano do DNA e aumento da propensão de dano oxidativo ao DNA mitocondrial. O objetivo desse estudo foi avaliar a influência da suplementação gestacional de ferro sobre os danos no DNA de crianças com idade entre 14 e 38 meses matriculadas nas escolas infantis do município de Venâncio Aires. A amostra foi composta por crianças cujos pais aceitaram participar do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Informações sobre suplementação foram obtidas por meio de um questionário aplicado às mães e/ou extraídos do cartão da gestante. O nível de dano no DNA foi avaliado por meio do teste de citoma de micronúcleos em células bucais esfoliadas (MNxl). Para a análise estatística foi utilizado o programa Statistical Package for Social Sciences (SPSS) versão 18.0 (Chicago, IL) e o gráfico elaborado no GraphPad Prism versão4.0 (San Diego, CA). O teste t de Student pareado foi empregado. O nível de significânciautilizado foi de p <0,05. O estudo foi realizado com 61 crianças, sendo 52,4% das crianças do sexo masculino. Nossos resultados demonstraram que 34,4% das mães receberam suplementação com ferro durante a gestação. Foi observado que as crianças cujas as mães foram suplementadas com ferro durante a gestação apresentaram tendência à diminuição (38%)240 na frequência de brotos nucleares (p= 0,064), bem como à redução (38%) na frequência de micronúcleos (p=0,059) comparadas aos filhos de mães não suplementadas. Portanto, concluímos que, pelo nível de significância observado nesse estudo entre filhos de mães suplementadas e não suplementadas quanto aos danos no DNA, há uma tendência à redução desses danos quando ocorre a suplementação de ferro durante a gestação. Estudos futuros estão sendo realizados para entender os benefícios da suplementação durante a gestação na saúde genômica das crianças, particularmente entre as populações mais vulneráveis às deficiências nutricionais.
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