INCLUSÃO E PSICOLOGIA: UMA ANÁLISE A PARTIR DO SITE DOMÍNIO PÚBLICO

Amanda Cappellari, Betina Hillesheim, Bruno Granata, Caroline da Rosa Couto

Resumo


O presente texto é derivado das discussões que vêm sendo realizadas na pesquisa “Inclusão, diferença e políticas públicas: uma cartografia”, a qual busca compreender a crescente incitação dos discursos de inclusão em diferentes campos. No âmbito deste trabalho, o foco são os dados produzidos a partir do site Domínio Público, com destaque para os resultados encontrados na área da Psicologia. Destaca-se que a inclusão é compreendida, aqui, como uma noção fabricada em nosso tempo, a qual tem adquirido mais força a partir do final do século XX.  Nessa perspectiva, entende-se que diferentes campos discursivos – da Medicina, da Educação, da Psicologia, da Arquitetura, entre outros – incorporam a inclusão dentro de determinadas lógicas, o que tanto pode se traduzir num crescente número de trabalhos relacionados à temática, quanto na multiplicação de necessidades, práticas e sujeitos a incluir. A partir disso, uma das frentes de produção de dados da referida pesquisa se deu a partir do site Domínio Público, que é uma biblioteca digital de acesso livre, desenvolvida e gerenciada pelo governo federal. Para tanto, os procedimentos metodológicos se pautaram pela sistematização e análise das teses e dissertações referentes à inclusão contidas nos registros do site, utilizando como ferramenta de busca a referência ao termo. As dissertações e teses encontradas foram sistematizadas em tabelas diversas, buscando mostrar a proliferação dos discursos sobre inclusão em diferentes áreas de conhecimento, bem como seus desdobramentos no sentido de multiplicar práticas inclusivas e sujeitos a incluir. No período analisado, que compreende os anos entre 2004 e 2011, obteve-se um total de 723 teses e dissertações que abordam a temática da inclusão, distribuídas entre diversas áreas do conhecimento, dentre as quais a Psicologia se destaca como uma das que apresentam os maiores números de resultados. Para fins da presente discussão, toma-se esta área como objeto, lançando um olhar sobre as formas como se entende, se pensa e se estuda a inclusão dentro do campo da Psicologia, buscando compreender quais os discursos que prevalecem e canalizam o debate. A partir do total de resultados da área, que somaram 64 pesquisas, abrangendo o resultado da subárea de Psicologia Social, foram escolhidos três eixos de análise: caráter, adjetivação e público, através dos quais foi possível perceber como enlace discursivo que se produz entre psicologia e inclusão é compreendido e estudado, em grande parte das vezes de maneira explícita, como um ideal, uma necessidade, um dever pré-estabelecido que se estende a todos. Nesse sentido, a análise aponta para a inscrição dos modos pelos quais a Psicologia produz a inclusão, através do agenciamento de tecnologias, métodos, alvos e critérios, com vistas ao gerenciamento da vida das populações.

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