SAÚDE MENTAL E ENVELHECIMENTO

Rafaele Luiza Klafke, Nívia Arlete Souza Duarte, Silvia Virginia Coutinho Areosa

Resumo


Em decorrência do crescente número de idosos no Brasil, percebe-se a necessidade de estudos que abordem este fenômeno populacional, possibilitando um novo olhar às questões peculiares do processo de envelhecimento. Este tema ficou por muito tempo invisível à sociedade, o que disseminou ideias preconceituosas sobre o que significa envelhecer e ser velho. Assim, o envelhecer pode ser compreendido como uma construção singular, influenciada pelos diferentes contextos e vivências. Além disso, é inevitável desconsiderar que envelhecer significa transformar-se, pois é um momento da vida em que ocorrem inúmeras alterações físicas, sociais e psicológicas, com isso, emergindo diferentes perdas e ganhos. Conforme salientado por Leite et al. (2012, p. 65): “O envelhecimento vem acompanhado pelo declínio das capacidades físicas e cognitivas, que podem variar conforme as características de vida de cada indivíduo”.  Deste modo, dentre as perdas, a diminuição na capacidade cognitiva e o aumento de fatores como ansiedade e depressão são comuns em idosos. (LOBO et al, 2012). Porém, também é importante ressaltar os fatores positivos do envelhecimento, os quais abarcam significativas experiências de vida e de participação social. (ARAÚJO; COUTINHO; SANTOS, 2006). Partindo desse pressuposto, a Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) possui projetos voltados à população idosa, dentre eles, a Universidade do Adulto Maior (UniAMa), um curso de extensão de 24 meses que proporciona um espaço de trocas, valorização e incentivo ao protagonismo social dos participantes. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é verificar e analisar as condições de saúde mental de 52 idosos que participaram das duas primeiras turmas do UniAMa, os quais foram avaliados em duas etapas, ao início e término do curso. A metodologia utilizada pautou-se em uma análise dos dados obtidos através de instrumentos de avaliação do estado mental: Mini Exame do Estado Mental (MEEM); e de escalas psicológicas: Escala Beck de Ansiedade (BAI) e Escala de Depressão Geriátrica (GDS), aplicados nas turmas de 2014 e 2015. Através dos resultados do MEEM percebe-se que 22 desses idosos possuíam um comprometimento cognitivo leve quando iniciaram o curso, porém ao termina-lo, apenas 18 idosos apresentavam o mesmo resultado. Na escala BAI nota-se que 14 idosos demonstravam algum nível de ansiedade, no entanto, ao final do curso apenas 9 permaneciam com alteração. A mesma diferença é percebida na escala GDS que revelou 5 idosos com indícios de depressão leve, enquanto, ao término do curso, observou-se apenas 2. Ao comparar os resultados, é visível a diminuição nos escores dos testes, o que nos leva a considerar o UniAMa um ambiente que possibilita aos idosos um espaço próprio de trocas, com vivências e experiências que auxiliam na manutenção e melhora das condições de saúde mental, afinal acabam desconstruindo os estigmas sociais acerca da velhice, promovendo assim, novas formas de vivenciar esta fase da vida.

Palavras-chave


Envelhecimento; Saúde Mental ; Testes Psicológicos; UniAMa.

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