A INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA
Resumo
Introdução: Visto a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) como uma doença multissistêmica que apresenta fatores extrapulmonares, a presença de comorbidades cardiovasculares e alterações na composição corporal são fatores importantes na redução da capacidade funcional e aumento da mortalidade nessa população. Perante esse contexto, deve-se alertar para a importância de se avaliar outros aspectos, que não apenas a função pulmonar, nos pacientes com DPOC. Objetivo: investigar a influência da composição corporal na modulação autonômica cardíaca em pacientes com DPOC participantes do Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE). Métodos: estudo transversal, com amostragem de conveniência, que incluiu pacientes DPOC do LARECARE, de ambos os sexos, e excluiu aqueles com arritmias cardíacas, déficit cognitivo e desordens musculoesqueléticas e nervosas. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, composição corporal por Bioimpedância Elétrica (BIA) (Biodynamics®, Brasil) e modulação autonômica cardíaca pela Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) (Polar®, S810i). Para a aplicação da BIA, os pacientes, em jejum, foram instruídos a permanecer com a bexiga vazia e sem adereços, em decúbito dorsal numa posição confortável, com pernas e braços levemente abduzidos não permitindo contato entre as extremidades e o tronco e repouso de pelo menos 15 minutos antes de iniciar a avaliação, sendo os eletrodos dispostos sobre a pele higienizada. Para a realização da VFC, os pacientes foram orientados a permanecer em repouso na posição supina durante 10 minutos utilizando um cardiofrequencímetro para obtenção dos sinais de Frequência Cardíaca (FC), posteriormente analisados no software específico Kubios® (versão 2.2). As associações entre as variáveis clínicas, BIA e VFC foram analisadas por meio da correlação de Pearson no programa SPSS versão 25.0, considerando significativo p=0,05. Resultados: foram avaliados 18 pacientes, com predominância do sexo masculino (n=14), etnia caucasiana (n=14), acima do peso (n=12), risco cardiovascular elevado (n=16) e estadiamento da doença variando entre moderado e muito severo (n=18). Os pacientes apresentaram uma média da modulação simpática (low frequency) de 56,4±21,3, modulação parassimpática (high frequency) de 43,1±20,9, percentual de tecido corporal quimicamente ativo de 29,8±3,4, percentual de água intracelular de 53,0±3,1 e percentual de água extracelular de 47,1±3,1. Correlações encontradas: foi observado uma acentuação na modulação simpática (low frequency) proporcional ao percentual de tecido corporal quimicamente ativo (r=0,519, p=0,027) e ao percentual de água intracelular (r=0,568, p=0,014) e inversamente proporcional ao percentual de água extracelular (r=-0,568, p=0,014); o inverso foi observado entre a acentuação na modulação parassimpática (high frequency) com o percentual de tecido corporal quimicamente ativo (r=-0,532, p=0,023), percentual de água intracelular (r=-0,578, p=0,012) e percentual de água extracelular (r=0,578, p=0,012). Conclusão: pacientes com DPOC que possuem maior percentual de tecido quimicamente ativo, maior percentual de água intracelular e menor percentual de água extracelular apresentam uma acentuação na modulação simpática. Esses achados nos mostram que a composição corporal parece ter influência direta sobre a modulação autonômica cardíaca em supino nesses pacientes.
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ISSN 2764-2135