A INFLUÊNCIA DA COMPOSIÇÃO CORPORAL NA MODULAÇÃO AUTONÔMICA CARDÍACA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Douglas Alex Weiss Martins, Camila da Silva Brinques, Thaís Franco da Silva, Paula Bianchetti, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva

Resumo


Introdução: Visto a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) como uma doença multissistêmica que apresenta fatores extrapulmonares, a presença de comorbidades cardiovasculares e alterações na composição corporal são fatores importantes na redução da capacidade funcional e aumento da mortalidade nessa população. Perante esse contexto, deve-se alertar para a importância de se avaliar outros aspectos, que não apenas a função pulmonar, nos pacientes com DPOC. Objetivo: investigar a influência da composição corporal na modulação autonômica cardíaca em pacientes com DPOC participantes do Laboratório de Reabilitação Cardiorrespiratória (LARECARE). Métodos: estudo transversal, com amostragem de conveniência, que incluiu pacientes DPOC do LARECARE, de ambos os sexos, e excluiu aqueles com arritmias cardíacas, déficit cognitivo e desordens musculoesqueléticas e nervosas. Os pacientes foram submetidos à avaliação clínica, composição corporal por Bioimpedância Elétrica (BIA) (Biodynamics®, Brasil) e modulação autonômica cardíaca pela Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) (Polar®, S810i). Para a aplicação da BIA, os pacientes, em jejum, foram instruídos a permanecer com a bexiga vazia e sem adereços, em decúbito dorsal numa posição confortável, com pernas e braços levemente abduzidos não permitindo contato entre as extremidades e o tronco e repouso de pelo menos 15 minutos antes de iniciar a avaliação, sendo os eletrodos dispostos sobre a pele higienizada. Para a realização da VFC, os pacientes foram orientados a permanecer em repouso na posição supina durante 10 minutos utilizando um cardiofrequencímetro para obtenção dos sinais de Frequência Cardíaca (FC), posteriormente analisados no software específico Kubios® (versão 2.2). As associações entre as variáveis clínicas, BIA e VFC foram analisadas por meio da correlação de Pearson no programa SPSS versão 25.0, considerando significativo p=0,05. Resultados: foram avaliados 18 pacientes, com predominância do sexo masculino (n=14), etnia caucasiana (n=14), acima do peso (n=12), risco cardiovascular elevado (n=16) e estadiamento da doença variando entre moderado e muito severo (n=18). Os pacientes apresentaram uma média da modulação simpática (low frequency) de 56,4±21,3, modulação parassimpática (high frequency) de 43,1±20,9, percentual de tecido corporal quimicamente ativo de 29,8±3,4, percentual de água intracelular de 53,0±3,1 e percentual de água extracelular de 47,1±3,1. Correlações encontradas: foi observado uma acentuação na modulação simpática (low frequency) proporcional ao percentual de tecido corporal quimicamente ativo (r=0,519, p=0,027) e ao percentual de água intracelular (r=0,568, p=0,014) e inversamente proporcional ao percentual de água extracelular (r=-0,568, p=0,014); o inverso foi observado entre a acentuação na modulação parassimpática (high frequency) com o percentual de tecido corporal quimicamente ativo (r=-0,532, p=0,023), percentual de água intracelular (r=-0,578, p=0,012) e percentual de água extracelular (r=0,578, p=0,012). Conclusão: pacientes com DPOC que possuem maior percentual de tecido quimicamente ativo, maior percentual de água intracelular e menor percentual de água extracelular apresentam uma acentuação na modulação simpática. Esses achados nos mostram que a composição corporal parece ter influência direta sobre a modulação autonômica cardíaca em supino nesses pacientes.

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ISSN 2764-2135