INIQUIDADES TERRITORIAIS DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19 NO BRASIL

Gabriel Felipe Tosta, Marcelo Carneiro, Camilo Darsie de Souza

Resumo


Introdução: A importância da correlação entre distintos territórios e a saúde é uma pauta discutida por diversos campos de estudos, em diferentes escalas. Assim, surge a necessidade de se analisar os modos como esses conceitos se relacionam com a condução de ações governamentais - locais, regionais, estaduais, nacionais e internacionais ? e de estudos que orientam o surgimento e a aplicação de políticas públicas de/em determinados países. No Brasil, os territórios de saúde são definidos por meio da rede de serviços ofertada pelo Estado. A organização e a operacionalização desses territórios ocorrem a partir das demandas sociais que compõem as espacialidades humanas e, portanto, diferenciam tais delimitações espaciais entre si. No contexto da Covid-19, desafios relacionados ao controle e enfrentamento da doenças foram impostos aos gestores, aos usuários e aos governantes, tendo em vista as especificidades dos territórios de saúde existentes. Objetivo(s): Busca-se problematizar a dinâmica dos territórios de saúde ? e dos Determinantes Sociais em Saúde (DSS) - no contexto da relação saúde-doença, no Brasil, durante a crise causada pela Covid-19. Por meio dessa investida, a intenção é oportunizar uma discussão capaz de sensibilizar estudantes e profissionais acerca da importância dos DSS a partir da crise causada pela pandemia. Metodologia: foram utilizados, como suporte à problematização, referencial teórico relativo ao temas abordados, documentos e protocolos oficiais e, ainda, enunciados que compõem artefatos jornalísticos e midiáticos. Tais materiais serviram de embasamento para análise discursiva, tendo em vista seus conteúdos. Resultados e discussão: os DSS afetam os estilos de vida da população e a qualidade dos ambientes que influenciam e refletem condições de saúde de diferentes territórios. Em termos gerais, eles podem ser pensados a partir dos índices de Educação, Empregabilidade e Renda, Atenção em Saúde, Saneamento Básico, entre outros. Assim, pode-se pensar que determinados territórios ou grupos populacionais, apresentam desvantagens em função das estruturas de saúde e/ou de ambientes precários, e, principalmente, em função de poucas oportunidades de desenvolvimento humano. O Brasil apresenta índices discrepantes durante a pandemia, em diferentes estados, em grupos populacionais localizados em territórios distintos, nas diferentes cidades afetadas. As populações vulneráveis, em áreas consideradas periféricas, e, pode-se acrescentar, os estados com os maiores problemas relacionados aos DSS, registram as maiores taxas de mortalidade causadas pela doença. Assim, entende-se que territorialidades nacionais podem ser mais ou menos afetadas pela doença, tendo em vista a qualidade de vida em cada parcela espacial. Um conjunto de iniquidades produzidas histórica e territorialmente transformaram os DSS em grandes obstáculos para a diminuição das infecções e mortes durante a pandemia. Conclusão: o Brasil precisa ser entendido como um país de contrastes, no limite, de iniquidades. Destaca-se que as estratégias de enfrentamento da doença, realizadas em outros países, ao serem aplicadas no território brasileiro, resultam, em muitos casos, em índices inesperados. São justamente os contrastes e desequilíbrios nos DSS do Brasil que fortalece a crise, mesmo que, em algumas regiões, constituídas por territórios de saúde diversos, o impacto seja mais brando.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.


ISSN 2764-2135